Confiança da indústria cai pelo 6º mês e atinge o pior patamar desde julho de 2020
Pesquisa do Ibre/FGV mostra queda em janeiro nas percepções do quadro atual e para os próximos meses em meio ao avanço da variante Ômicron
O avanço da variante Ômicron da Covid-19 fez o índice que mede a confiança da indústria recuar pelo sexto mês seguido em janeiro e atingir o pior patamar desde julho de 2020, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O indicador registrou queda de 1,7 ponto, ficando em 98,4 pontos. Segundo a pesquisa, o aumento de infecções pelo novo coronavírus impactou na redução de funcionários e na ampliação de restrições. “Nesse sentido, tanto as perspectivas sobre o ritmo da atividade produtiva, quanto sobre a evolução da demanda foram comprometidas”, afirma Claudia Perdigão, economista do Ibre/FGV.
A atual sequência de quedas não era observada desde 2014, quando o indicador da confiança somou oito meses seguidos de retração. A mitigação dos impactos no setor gerados pela interrupção nas cadeias de produção em 2020 e 2021, que levou à desorganização de diversos segmentos da economia, deve se manter ao longo dos próximos meses e sinaliza a retomada da atividade industrial. “A redução gradual dos gargalos que vêm pressionando a indústria, como a escassez de insumos, podem colaborar para a recuperação do setor no decorrer de 2022”, diz a especialista.
O resultado de janeiro foi influenciado pela queda nas percepções do quadro atual e para os próximos meses. O Índice Situação Atual (ISA) cedeu 1,2 ponto, para 99,8 pontos, o menor valor desde agosto de 2020 (97,8 pontos). O Índice de Expectativas (IE) caiu 2 pontos, para 97,1 pontos, menor patamar desde abril de 2021 (96,9 pontos). Entre os quesitos que compõem o ISA, o pior desempenho se deu no indicador que mede a situação atual dos negócios, com queda de 6,4 pontos, para 89,4 pontos, menor valor desde julho de 2020 (87,0 pontos). O indicador de demanda total recuou 4,2 pontos, para 99,5 pontos, e acumula perda de 14,1 pontos nos últimos sete meses.
Dos indicadores que integram o IE, a produção prevista para os próximos três meses foi o que mais influenciou a queda no mês de janeiro, ao cair 4,7 pontos, para 94,1 pontos, menor nível desde maio de 2021 (93,1 pontos). O emprego previsto para os próximos meses se manteve relativamente estável ao variar 0,3 ponto, para 102,1 pontos. A tendência dos negócios para os próximos seis meses continua em trajetória negativa pelo sexto mês consecutivo, caindo 1,2 ponto em janeiro, para 95,4 pontos, menor valor desde agosto de 2020 (88,8 pontos). O Nível de Utilização da Capacidade Instalada retornou ao patamar de novembro de 2021 ao subir 1 ponto percentual, para 80,7%.
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