Copom ignora conflitos internacionais e reduz taxa de juros para 12,25%, menor patamar em 19 meses

Decisão do colegiado seguiu previsão do mercado e marcou terceira redução seguida de 0,5 ponto percentual, após um período de sete manutenções consecutivas; Selic chegou ao menor nível desde março de 2022

  • Por Jovem Pan
  • 01/11/2023 18h33 - Atualizado em 01/11/2023 18h54
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PEDRO LADEIRA / AFP Banco Central Expectativa do mercado é de que taxa de juros termine o ano a 11,75%, com redução seguidas de 0,5 p.p.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu novamente em 0.5 p. p. a taxa básica de juros, nesta quarta-feira, 1º. Com isso, a Selic foi reajustada para 12,25% ao ano. Esta é a terceira redução seguida após um período sete manutenções consecutivas e o menor patamar desde março de 2022, quando a taxa de juros estava em 11,75%. O comitê avaliou que o ambiente externo mostra-se adverso, em função da elevação das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos, da resiliência dos núcleos de inflação em níveis ainda elevados em diversos países e de novas tensões geopolíticas. Os membros também pontuaram que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, é mais incerta do que o usual e exige cautela na condução da política monetária.

“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário exige atenção e cautela por parte de países emergentes. Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres antecipado pelo Copom. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, mas segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta de inflação, enquanto as medidas mais recentes de inflação subjacente ainda se situam acima da meta para a inflação”, afirmaram.

O grupo também pontuou que devem manter o ritmo de cortes nas demais reuniões, como previsto anteriormente, seguindo uma postura contracionista para o processo desinflacionário. “A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, afirmou o grupo.

A decisão do colegiado seguiu as expectativas do mercado, como mostrou a Jovem Pan. Na ata da reunião anterior, os membros do grupo já haviam sinalizado a possibilidade de continuar com reduções de 0,5 ponto percentual nos encontros seguintes. A última edição do Boletim Focus, que mede as expectativas do mercado, também projetava o corte de 0,5 p.p.. Contudo, os conflitos no Oriente Médio geraram incertezas sobre a manutenção do ritmo de cortes.

Mais cedo no mesmo dia, o Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) decidiu manter a taxa de juros nos EUA para o intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano. O percentual representa o maior patamar em 22 anos. A última vez que os juros norte-americanos foram a 5,5% foi em 2001. O comitê avaliou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica tem crescido em um ritmo sólido. A geração de emprego diminuiu nos últimos meses, mas permaneceu forte, com taxas de desemprego em baixa. Apesar disso, a inflação continua elevada.

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