Dólar avança com lockdown na China e juros dos EUA no radar; Bolsa recua

Volta de restrições na cidade de Shenzhen após surto de Covid-19 derruba commodities e draga ações brasileiras

  • 14/03/2022 18h01
EPITÁCIO PESSOA/ESTADÃO CONTEÚDO Mulher conta notas de dólar no guichê da casa de câmbio Dólar avança e quebra sequência de oito dias de desvalorização ante o real

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo negativo nesta segunda-feira, 14, dragados pela queda das commodities com o anúncio de lockdown na cidade chinesa de Shenzhen após novo surto de Covid-19. Os investidores também aguardam pelo aumento dos juros nos Estados Unidos pela primeira vez em quatro anos, e a aceleração da Selic pelo Banco Central (BC). As duas decisões serão divulgadas na quarta-feira, 16. O dólar encerrou com avanço de 1,3%, a R$ 5,120. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,139, enquanto a mínima não passou de R$ 5,038. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou com queda de 1,6%, a 109.927. Este foi o pior patamar do pregão desde o dia 24 de janeiro, quando caiu aos 107.937 pontos. A queda foi puxada por ações de commodities, principalmente a Vale, CSN e PetroRio.

O governo de Pequim anunciou nesta segunda-feira o lockdown imediato da cidade de Shenzhen, um importante polo de tecnologia que concentra mais de 17 milhões de habitantes. A medida foi decretada após a descoberta de casos do novo coronavírus. Com o agravamento da pandemia, a China passou a adotar a política de “tolerância zero” com o surgimento de focos de Covid-19. A medida impactou na queda do barril de petróleo e do minério de ferro com o temor de desaceleração da segunda maior economia do mundo. Ainda na pauta internacional, o Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês), autoridade monetária dos EUA, deve anunciar o primeiro aumento dos juros desde 2018, nesta quarta-feira. A taxa está entre 0% e 0,25% e analistas se dividem na expectativa de alta entre 0,25 e 0,50 ponto percentual. A subida ocorre em meio à disparada da inflação aos consumidores norte-americanos ao maior nível em 40 anos.

No cenário local, o Comitê de Política Monetária (Copom) também vai anunciar mudanças nos juros na quarta-feira. O mercado estima o acréscimo de 1,25 ponto percentual, que levaria a Selic a 12% ao ano, o maior nível desde 2017. Em diversas oportunidades, o BC deixou claro que vai promover o aperto monetário até onde for necessário para ancorar as expectativas em 2022 e 2023 — período considerado com horizonte relevante. A recente pressão inflacionária com o conflito na Ucrânia levou analistas a aumentarem as expectativas da trajetória de alta e do patamar final dos juros para próximo de 14% ao ano. Ainda no noticiário doméstico, o governo federal estuda elevar o Auxílio Brasil para conter os efeitos dos combustíveis. À Jovem Pan, auxiliares do Ministério da Economia afirmaram que a medida é vista como uma alternativa menos danosa às contas do Executivo e mais efetiva no ponto de vista social do que as propostas de subsídio ou congelamento de preços. O movimento, no entanto, só seria possível com a declaração de um novo estado de calamidade pelo Congresso.

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