Dólar bate R$ 4,58 em 11ª alta seguida

A moeda americana já acumula alta de 14% neste ano, a maior dos mercados emergentes. A divulgação do PIB do Brasil também ajudou a pressionar o câmbio na sessão desta quarta-feira (4)

  • Por Jovem Pan
  • 04/03/2020 18h52
BRUNO ROCHA / FOTOARENA / ESTADÃO CONTEÚDO Dólar cai ante o real após BC anunciar nova alta dos juros e elevar a Selic para 4,25% ao ano Dólar cai ante o real após BC anunciar nova alta dos juros e elevar a Selic para 4,25% ao ano

O mercado de câmbio teve uma tarde de nervosismo, com o dólar disparando mesmo após o Banco Central anunciar intervenção de US$ 1 bilhão para esta quinta-feira (5). O dólar à vista fechou em alta de 1,52%, a R$ 4,5801, novo recorde histórico e a 11ª sessão consecutiva de valorização nesta quarta. Já o dólar futuro para abril encostou em R$ 4,60.

A sinalização de que o BC prepara novo corte de juros ajudou a pressionar ainda mais as cotações do dólar e o real teve novamente o pior desempenho no mercado internacional, considerando uma cesta de 34 moedas. O dólar já acumula alta de 14% neste ano, a maior dos mercados emergentes.

Profissionais do mercado de câmbio argumentam que o Banco Central deveria ter anunciado o leilão de swap para esta quarta, e não para a quinta. Esse foi um dos motivos de o anúncio da intervenção não ter surtido efeito, analisa o gerente da mesa de juros da CM Capital Markets, Jefferson Lima. Pouco após o BC anunciar o leilão, o dólar renovou máximas e o dólar futuro entrou em leilão.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no quarto trimestre de 2019, divulgado nesta quarta, mostrou que a economia ainda não ganhou fôlego, e também ajudou a pressionar o câmbio nesta sessão, principalmente porque reforça a tese de corte de juros – novas casas cortaram projeções para o PIB em 2020.

Nas tesourarias de bancos, a avaliação é de que estas intervenções pontuais do BC até ajudam, mas claramente perderam eficácia e só uma ação mais ampla poderia reverter a trajetória da moeda americana.

O diretor de um banco cita como exemplo o que fez o BC do Chile no final de 2019, quando anunciou um programa de intervenção, com US$ 20 bilhões das reservas, por um período prolongado e com anúncios semanais de valores. Com isso, a autoridade monetária chilena conseguiu conter a sangria no mercado cambial local, que estava estressado por conta da onda de protestos sociais, e o peso vem tendo comportamento mais alinhado com outras moedas emergentes este ano.

Nas últimas 11 sessões, o dólar acumulou alta de 6,5%, destoando de outros ativos brasileiros no período, que pioraram por conta do coronavírus, mas depois tiveram alguma recuperação.

O Ibovespa por exemplo caiu forte, mas vem tendo altas pontuais. Para um diretor de tesouraria, as contas externas brasileiras pioraram nos últimos meses, mas não justificam o dólar neste nível. Para ele, o dólar entre R$ 4,00 e R$ 4,20 seria mais condizente com os fundamentos brasileiros.

O mesmo vale para o diferencial de juros do Brasil com o resto do mundo, ressalta Aidar, da Infinity. A aposta de mais cortes pelo BC cresceu desde esta terça, inclusive com casas como o Citi prevendo redução de 0,50 ponto para a Selic. O mesmo movimento vem ocorrendo em outros mercados. Portanto, o diferencial de juros do Brasil com o resto do mundo não se altera significativamente.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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