Dólar cai, mas se mantém acima de R$ 5,50 com risco fiscal no radar; Bolsa sobe

Mercado segue acompanhando trajetória das contas públicas após divulgação que parte do Auxílio Brasil ficará fora do teto de gastos

  • Por Jovem Pan
  • 20/10/2021 11h49 - Atualizado em 20/10/2021 13h13
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Rick Wilking/Reuters cédulas de dólar espalhadas Câmbio inverteu sinal e passou a subir com dados da inflação e varejo

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro ensaiam uma leve recuperação nesta quarta-feira, 20, depois do clima negativo da véspera com a divulgação de que o governo estudava deixar parte do Auxílio Brasil fora do teto de gastos. Por volta das 11h40, o dólar registrava queda de 0,83%, a R$ 5,547. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,595, enquanto a mínima não passou de R$ 5,542. A divisa norte-americana encerrou a sessão anterior com avanço de 1,33% a R$ 5,594, o maior valor desde 15 de abril. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com alta de 0,63%, aos 111.389 pontos. O pregão desta terça-feira, 19, afundou 3,28%, aos 110.628 pontos.

O mercado segue repercutindo as tratativas do governo federal para elevar o Auxílio Brasil, o programa desenhado para substituir o Bolsa Família, para R$ 400 até o fim de 2022. Segundo informações divulgadas nesta terça, o Planalto pretende usar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios para tirar aproximadamente R$ 30 bilhões do teto de gastos, a regra que limita as despesas do governo ao Orçamento do ano anterior, mais a inflação. O benefício seria estendido para 17 milhões de famílias, com custo total de R$ 90 bilhões. A proposta original previa elevar o Auxílio Brasil para R$ 300, mas a equipe econômica foi pressionada para ceder mais. O novo benefício seria composto por cerca de R$ 190 já pagos pelo Bolsa Família, mais cerca de R$ 110 via aumento temporário até dezembro de 2022 — prazo que mantém a medida dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal —, e um acréscimo de R$ 100 fora do teto.

O novo projeto estava previsto para ser apresentado na tarde de ontem, mas o evento foi cancelado diante da forte repercussão negativa no mercado financeiro. Não há previsão para nova divulgação. A sessão da comissão especial da Câmara para votar a PEC dos Precatórios também estava agendada para esta terça, mas foi transferida para hoje para que o relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), fizesse alterações no seu parecer. A medida, que visa criar um limite de R$ 40 bilhões aos pagamentos das dívidas da União que não cabem mais recursos judiciais, é fundamental ao governo federal para encontrar espaço dentro do teto de gastos para o pagamento do Auxílio Brasil.

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