Dólar cai, mas se mantém acima de R$ 5,50 com risco fiscal no radar; Bolsa sobe
Mercado segue acompanhando trajetória das contas públicas após divulgação que parte do Auxílio Brasil ficará fora do teto de gastos
Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro ensaiam uma leve recuperação nesta quarta-feira, 20, depois do clima negativo da véspera com a divulgação de que o governo estudava deixar parte do Auxílio Brasil fora do teto de gastos. Por volta das 11h40, o dólar registrava queda de 0,83%, a R$ 5,547. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,595, enquanto a mínima não passou de R$ 5,542. A divisa norte-americana encerrou a sessão anterior com avanço de 1,33% a R$ 5,594, o maior valor desde 15 de abril. O Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com alta de 0,63%, aos 111.389 pontos. O pregão desta terça-feira, 19, afundou 3,28%, aos 110.628 pontos.
O mercado segue repercutindo as tratativas do governo federal para elevar o Auxílio Brasil, o programa desenhado para substituir o Bolsa Família, para R$ 400 até o fim de 2022. Segundo informações divulgadas nesta terça, o Planalto pretende usar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios para tirar aproximadamente R$ 30 bilhões do teto de gastos, a regra que limita as despesas do governo ao Orçamento do ano anterior, mais a inflação. O benefício seria estendido para 17 milhões de famílias, com custo total de R$ 90 bilhões. A proposta original previa elevar o Auxílio Brasil para R$ 300, mas a equipe econômica foi pressionada para ceder mais. O novo benefício seria composto por cerca de R$ 190 já pagos pelo Bolsa Família, mais cerca de R$ 110 via aumento temporário até dezembro de 2022 — prazo que mantém a medida dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal —, e um acréscimo de R$ 100 fora do teto.
O novo projeto estava previsto para ser apresentado na tarde de ontem, mas o evento foi cancelado diante da forte repercussão negativa no mercado financeiro. Não há previsão para nova divulgação. A sessão da comissão especial da Câmara para votar a PEC dos Precatórios também estava agendada para esta terça, mas foi transferida para hoje para que o relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), fizesse alterações no seu parecer. A medida, que visa criar um limite de R$ 40 bilhões aos pagamentos das dívidas da União que não cabem mais recursos judiciais, é fundamental ao governo federal para encontrar espaço dentro do teto de gastos para o pagamento do Auxílio Brasil.
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