Dólar fecha estável e Bolsa cai às vésperas de decisão da política monetária nos EUA

Mercados em todo o mundo aguardam por manifestação do Federal Reserve sobre a taxa de juros e a compra de títulos públicos

  • Por Jovem Pan
  • 27/07/2021 17h34 - Atualizado em 27/07/2021 18h15
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Cris Faga/Estadão Conteúdo Mão segura cédulas de um dólar Dólar opera sem direção definida com mercados em todo o mundo aguardando a definição da política monetária nos EUA

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo negativo nesta terça-feira, 27, às vésperas da decisão da política monetária nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, pode sinalizar amanhã o início das discussões para a redução da compra de títulos públicos e a alteração da taxa de juros. Na cena doméstica, investidores ainda analisam a previsão de alta de 7% da Selic já em 2021 com o avanço da inflação. O dólar operou todo o dia sem direção definida e fechou perto da estabilidade, com leve avanço de 0,06%, cotado a R$ 5,178. A divisa chegou a bater a máxima de R$ 5,206, enquanto a mínima não passou de R$ 5,150. O câmbio encerrou a véspera com queda de 0,70%, cotado a R$ 5,174. Acompanhando a baixa nas Bolsas norte-americanas após os recordes alcançados no início da semana, o Ibovespa, referência da B3, fechou com queda de 1,10%, retornando para a casa dos 124.612 pontos. O pregão desta segunda-feira, 26, encerrou com alta de 0,76%, aos 126.076 pontos.

Mercados em todo o mundo aguardam pela manifestação do Fed, nesta quarta-feira, após os últimos registros apontarem para a alta da inflação aos consumidores norte-americanos. Apesar do presidente da entidade, Jerome Powell, ter reforçado que a política de estímulos deverá ser mantida ao longo do próximo ano com a compra de títulos públicos e as taxas de juros em níveis mínimos, analistas indicam o possível início de reversão da estratégia. O temor dos investidores é que a retirada de estímulos leve ao crescimento menos robusto da maior economia do mundo e a redução de dólares nos mercados globais. Também no cenário internacional, investidores seguem acompanhando o aumento do número de infecções com a disseminação da variante Delta da Covid-19.

Os juros também estão no centro do debate doméstico. O mercado financeiro passou a ver a Selic a 7% já no fim de 2021, índice que deve ser mantido até o ano que vem, segundo dados do Boletim Focus divulgados nesta segunda-feira. A mediana da pesquisa feita pelo Banco Central também indicou a piora do cenário da inflação neste ano, com a elevação da expectativa para 6,56%, a 16ª semana seguida de revisão para cima. O Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se encontrar no início de agosto para debater o futuro da taxa de juros. A recente alta da inflação medida pela prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) levou analistas a especular o avanço de 1 ponto percentual, levando a Selic a 5,25% ao ano, para evitar a contaminação das perspectivas para 2022. No âmbito político, ainda repercute a reforma ministerial anunciada na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O senador Ciro Nogueira (PP-PI) anunciou nesta manhã que aceitou o convite para assumir a Casa Civil. Segundo membros do governo, a dança de cadeiras, que resultou no desmembramento do Ministério da Economia para a criação da pasta do Emprego e Previdência, deve dar mais sustentação ao governo no Congresso e influenciar positivamente no andamento das reformas.

Na agenda de índices, a confiança da construção foi a 95,7 pontos em julho, o maior nível desde março de 2014, segundo dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira. A alta de 3,3 pontos representa o terceiro mês seguido de avanço. Na média trimestral, o índice cresceu 3,6 pontos, o segundo desempenho positivo consecutivo. O levantamento mostrou a evolução da atividade e uma percepção mais favorável ao aumento da demanda da construção nos próximos meses. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a expectativa do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2021 para 5,3%. O valor está 1,6 ponto percentual acima da previsão de 3,7% divulgada na edição de abril. Para o ano que vem, no entanto, a entidade global cortou 0,7 ponto percentual, passando a estimativa de 2,6% para 1,9%. O valor para este ano está de acordo com a perspectiva de alta de 5,3% do mercado financeiro. Para o ano que vem, a previsão indica avanço de 2,1%.

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