Dólar recua com otimismo internacional e alta dos juros no Brasil; Ibovespa sobe

Mercados analisam sinalização da queda de estímulos monetários nos Estados Unidos e decisão do Copom em elevar a Selic para 6,25% ao ano

  • 23/09/2021 12h23 - Atualizado em 23/09/2021 13h46
Adriana Toffetti/Estadão Conteúdo Mão segura notas de dólar Brasil e os Estados Unidos firmaram acordo e prometeram reduzir barreiras não tarifárias no comércio bilateral

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro operam no campo positivo nesta quinta-feira, 23, repercutindo o bom humor internacional e a decisão do Banco Central (BC) em subir a taxa básica de juros para 6,25% ao ano, o quinto reajuste seguido para cima. Por volta das 12h15, o dólar recuava 0,35%, cotado a R$ 5,286. O câmbio chegou a bater a máxima de R$ 5,310, enquanto a mínima não passou de R$ 5,257. A moeda norte-americana fechou a véspera com alta de 0,34%, a R$ 5,304. Seguindo o otimismo global, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, operava com avanço de 1,18%, aos 113.612 pontos. O pregão desta quarta-feira, 22, fechou com alta de 1,84%, aos 112.282 pontos.

Mercados em todo o mundo repercutem a decisão do BC dos EUA (Fed, na sigla em inglês) em manter a taxa de juros em patamares mínimos, como já era esperado pelos analistas. A autoridade monetária também sinalizou que deve reduzir a compra de R$ 120 bilhões por mês de títulos públicos em meio ao processo de recuperação da economia, mas não deixou claro quando fará esse movimento. “O mercado interpretou de uma forma positiva, entendendo que faz sentido a retirada desses estímulos no curto ou médio prazo, inclusive começando nas próximas reuniões, até o final do ano”, afirma a especialista em ações da Clear Corretora, Pietra Guerra.

No cenário doméstico, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 6,25% ao ano ao acrescentar 1 ponto percentual na taxa básica de juros, e indicou um novo aumento de mesma magnitude na próxima reunião agendada para outubro. O movimento também já era esperado pelo mercado diante do aumento da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que se aproximou de 10% nos 12 meses acumulados em agosto. Instituições financeiras projetam que o BC repetirá o ritmo nas duas últimas reuniões deste ano, levando a Selic para 8,25% ao fim de 2021. Para analistas, o ritmo é condicente com os desafios inflacionários e as incertezas na política fiscal, e busca não trazer um peso excessivo sobre a recuperação da economia em 2022.

Ainda na pauta doméstica, a Câmara dos Deputados oficializou comissão especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios. O prazo para apresentação de emendas inicia nesta quinta-feira e vai se estender por dez sessões do Plenário. A solução das dívidas da União, que em 2022 foram a R$ 89,1 bilhões, é fundamental para o planejamento orçamentário e a elevação do Auxílio Brasil, o programa social que vai substituir o Bolsa Família. Em reunião nesta terça-feira, 21, os presidentes da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, acordaram em manter a solução dos precatórios dentro do teto de gastos. A proposta prevê a criação de um limite anual de pagamentos de aproximadamente R$ 40 bilhões. O restante pode ser quitado de outras formas, como encontro de contas, compensações ou a realização com ativos. Os valores que não se encaixarem nessas medidas devem ser rolados para 2023.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.