Dólar vai a R$ 5,30 com inflação acima do esperado nos EUA; Bolsa cai 2,6%
Mercados em todo o mundo repercutem temor por possível redução da política de estímulos monetários após a maior alta inflacionária anual desde 2008
O mercado financeiro brasileiro fechou esta quarta-feira, 12, no campo negativo com a inflação acima do esperado nos Estados Unidos em abril e o temor de mudanças na política de estímulos monetários. No cenário local, o humor foi pressionado pelas tensões na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 no Senado. Com este cenário, o dólar voltou a subir e fechou com alta de 1,58%, a R$ 5,306, depois de alcançar a máxima de R$ 5,308 e mínima de R$ 5,212. O câmbio encerrou na véspera com queda de 0,17%, cotado a R$ 5,222. Seguindo o mau humor nas Bolsas norte-americanas, o Ibovespa, referência da B3, encerrou o dia com queda de 2,65%, aos 119.710 pontos. O pregão de terça-feira, 11, fechou com alta de 0,87%, aos 122.964 pontos. “O movimento nas Bolsas globais também é de pessimismo. Mesmo com o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmando que qualquer alta dos preços deve ser transitória, a autoridade também afirmou que uma inflação desancorada pode levar ao uso de instrumentos para levar o indicador à meta”, diz Paula Zogbi , analista da Rico Investimentos.
Mercados em todo o mundo repercutiram o avanço de 4,2% da inflação dos EUA (CPI, na sigla em inglês) em abril, na comparação com o mesmo mês de 2020. O valor veio acima da expectativa de 3,6% dos analistas, e representa o maior salto anual desde setembro de 2008. Em relação ao mês anterior, o CPI registrou alta de 0,8%, enquanto as estimativas apontavam para avanço de 0,2%. A alta inflacionária gera temor por uma possível redução dos estímulos monetários da autoridade monetária dos EUA para combater a crise gerada pelo novo coronavírus. A medida pode levar ao corte da injeção de dólares no mercado global, apesar de o presidente do Banco Central norte-americano (Fed, na sigla em inglês) já ter sinalizado que deve manter a política de incentivos.
Na cena doméstica, os investidores seguem analisando os efeitos da CPI da Covid-19 na gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e no avanço da agenda de reformas no Congresso. Os senadores receberam nesta quarta-feira o ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, para esclarecer as decisões do governo federal em meio ao combate da pandemia do novo coronavírus. O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a pedir a prisão de Wajngarten ao afirmar que ele estava mentindo no depoimento. O requerimento, no entanto, não foi aceito pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM). Na agenda de índices, a prestação de serviços recuou 4% em março, o pior resultado desde abril do ano passado, e voltou a ficar abaixo do patamar pré-pandemia.
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