Dólar vai a R$ 5,62 com juros e prorrogação de auxílio; Bolsa fecha no menor patamar do ano

Investidores acompanham tratativas em Brasília para a extensão do benefício emergencial diante de impasses para a aprovação da PEC que vai custear o Auxílio Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 28/10/2021 17h29 - Atualizado em 28/10/2021 17h51
ROBERTO GARDINALLI/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Notas de real e dólar espalhadas em cima de uma bandeira dos Estados Unidos Dólar opera em alta com mercados à espera de dados das inflação dos EUA

Os principais indicadores do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo negativo nesta quinta-feira, 28, com a aceleração dos juros pelo Banco Central (BC) e as discussões para a prorrogação do auxílio emergencial diante dos impasses para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios na Câmara dos Deputados. O dólar encerrou com alta de 1,26%, a R$ 5,625, depois de alcançar a máxima de R$ 5,636, enquanto a mínima não passou de R$ 5,563. O câmbio encerrou a sessão anterior praticamente estável, com queda de 0,3%, cotado a R$ 5,555. Ignorando o bom humor dos mercados internacionais, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores brasileira, fechou o dia com queda de 0,62%, aos 105.704 pontos. Este é o pior patamar do índice em 2021 e o mais baixo desde 11 de novembro do ano passado. O pregão desta quarta-feira, 27, também encerrou próximo da estabilidade, com leve recuo de 0,05%, aos 106.363 pontos.

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic a 7,75% nesta quarta-feira ao acrescentar 1,5 ponto percentual. O resultado deixa a taxa básica de juros no patamar mais elevado em quatro anos e acompanha a escalada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o medidor oficial da inflação brasileira, que na prévia de outubro foi a 1,20%, com soma de 10,34% nos últimos 12 meses. O colegiado indicou nova alta de mesma magnitude na reunião de dezembro, a última de 2021, elevando a Selic a 9,25% ao ano. Para analistas, o agravamento do risco fiscal e o aumento da pressão inflacionária após as tratativas de mudança no teto de gastos exigem uma escalada agressiva nos juros, o que deve levar a Selic para dois dígitos já no início de 2022. O colegiado também reconheceu que o avanço deixa os juros em “território contracionista”, ou seja, quando prejudicam a atividade econômica, mas que “esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para as metas no horizonte relevante”.

A preocupação com aumento dos gastos públicos se intensificou nesta quinta-feira com os rumores de que o governo estuda prorrogar o auxílio emergencial diante dos entraves para o lançamento do Auxílio Brasil com o impasse para a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios no Congresso. A medida, que abre espaço para R$ 83 bilhões no Orçamento de 2022, deveria ter sido votada nesta semana, mas foi adiada duas vezes. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) fechou acordo com lideranças para colocar a medida em pauta na sessão da próxima quarta-feira, 3. Em uma reunião com parlamentares da base aliada na noite desta quarta-feira os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, e da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, sinalizaram que o Palácio do Planalto estuda decretar um novo estado de calamidade pública para que possa gastar além do teto e prorrogar o auxílio emergencial, cuja última parcela foi paga neste mês de outubro. A medida, no entanto, é rechaçada pela equipe econômica, que justifica que reabertura das atividades e o avanço da vacinação não dão bases para retomar o estado de calamidade usado durante os piores momentos da crise do novo coronavírus.

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