Entenda o que tem causado a crise dos ‘unicórnios’ no Brasil

Startups como Quinto Andar, Liv Up, Loft e Facily realizaram demissões em massa após dificuldades para conseguir investimentos

  • Por Jovem Pan
  • 21/06/2022 19h46 - Atualizado em 23/06/2022 18h05
Reprodução/Pixabay/StartupStockPhotos Jovem mulher olhando para duas telas de computador em um escritório Situação da economia tem afetado também as empresas mais jovens do mercado

Empresas startups inovadoras e que vinham em expansão no Brasil enfrentam um cenário adverso desde abril, mesmo as que são consideradas “unicórnios” (aquelas com avaliação de valor de mercado superior a US$ 1 bilhão). Empresas como Liv Up (alimentos saudáveis e orgânicos), QuintoAndar (compra, venda e aluguel de imóveis), Facily (que atua como hipermercado), Mercado Bitcoin (criptoativos), Kavak (mexicana daecompra e venda de automóveis), Loft (compra, reforma e venda de imóveis) passaram por demissões em massa recentemente. Juntou-se ao grupo nesta terça-feira, 21, a Ebanx, sistema de pagamentos internacionais. Empresas menores, que ainda não tinham o grau de unicórnio, também foram atingidas.

As principais razões para isso são uma combinação do momento atual da economia com características próprias das startups. Negócios do tipo costumam atrair investidores que buscam risco e estão dispostos a aceitarem perdas por algum período. É raro as empresas que contam com o ecossistema digital começarem a dar lucro em curto prazo — o normal é que se passem alguns anos até se tornarem rentáveis. Assim, o crescimento e expansão são garantidos por fundos de investimento que as consideram inovadoras e capazes de gerar lucro posteriormente. Durante a pandemia, boa parte das startups cresceu com os juros baixos no mercado, que tornaram opções arriscadas mais atraentes.

No entanto, o cenário macroeconômico se alterou com a retomada da economia após a vacinação em massa e o fim dos lockdowns, a desorganização das cadeias de abastecimento e o início da guerra na Ucrânia, que causaram grandes altas na inflação. Os bancos centrais reagiram com aumentos nas taxas de juros no Brasil e em outros países, em uma tentativa de combater a subida nos preços. Em contrapartida, acabaram dificultando o crescimento econômico. Assim, os investidores passaram a buscar ativos mais seguros, incluindo os próprios títulos da dívida de países que agora remuneram melhor. Os fundos de investimento que costumam canalizar recursos para as startups deixaram de ser tão atrativos, dificultando a obtenção de capital para crescer e expandir. Outro motivo é que, com as dificuldades econômicas vividas por parte da população, as startups encontram menos clientes com capacidade para consumir o que oferecem. Enquanto a inflação seguir não der sinais de arrefecer, é provável que a situação continue complicada para este tipo de empresa.

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