Goldman Sachs retira indicação de compra de ações da Petrobras devido a incertezas políticas

Em relatório enviados a clientes, analistas mencionaram o plano do presidente eleito Lula (PT) de diminuir o pagamento de dividendos como justificativa 

  • Por Jovem Pan
  • 04/11/2022 14h38
Fernando Frazão/Agência Brasil Fachada da Petrobras Em outubro, empresa atingiu maior valor de mercado desde 2008

O banco de investimentos Goldman Sachs decidiu mudar sua recomendação referente às ações da Petrobras após a divulgação do resultado das eleições de 2022. Analistas avaliaram que os próximos anos devem trazer um aumento de incerteza nas políticas a serem adotadas pela companhia, com a mudança de governo. Por conta disso, a indicação do banco para as ações da empresa foi de “compra” para “neutro”. A avaliação foi enviada a clientes em um relatório interno. A principal preocupação em relação à petroleira é a questão do pagamento de dividendos, que tem gerado bons resultados financeiros aos investidores. “Os pagamentos de dividendos têm sido um foco dos investidores de petróleo, enquanto o presidente eleito e outros funcionários mencionaram sua intenção de diminuir o pagamento de dividendos e promover investimentos em refino e energias renováveis, onde a Petrobras não tem um histórico significativo”, escreveram os analistas do Goldman no relatório. Em seu plano de governo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que se opõe fortemente à privatização da Petrobras, alegando que o plano estratégico e de investimentos da empresa serão orientados para a segurança energética, a autossuficiência nacional em petróleo e derivados, a garantia do abastecimento de combustíveis no país. “É preciso
preservar o regime de partilha, e o fundo social do pré-sal deve estar, novamente, a serviço do futuro”, escreveu.  O pagamento de altos dividendos passou a ser realizado após a Petrobras reduzir sua dívida e focar investimentos no pré-sal.

Este mês, o valor de mercado da Petrobras bateu um recorde histórico ao atingir R$ 520,6 bilhões. Esse é o maior patamar desde 2008, quando a consultoria Trade Map começou a mapear o desempenho da estatal e de outras companhias de capital aberto. Em dólares, a cotação da Petrobras bateu mais de US$ 100 bilhões. A petroleira foi o grande destaque da B3, a bolsa de valores de São Paulo, com ações preferenciais e ordinárias, sem e com direito a voto, em alta aproximada de 3,4%. Alguns fatores estão por trás desta valorização da empresa no mercado, como a cotação do barril de petróleo do tipo Brent, que fechou em alta de 1,21%, cotado a US$ 93,5. Ainda, a empresa divulgou que o Conselho de Administração da companhia aprovou a distribuição de dividendos aos acionistas no valor de R$ 3,3489 a cada ação preferencial e ordinária em circulação no mercado. De acordo com a petrolífera, “o dividendo proposto está alinhado à Política de Remuneração aos Acionistas”, já que a legislação permite o pagamento de 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos a serem realizados, desde que o endividamento permaneça abaixo do limiar de US$ 65 bilhões. “

 

 

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.