Governo diminui previsão para o PIB e vê inflação mais alta em 2021 e 2022

Dados do Boletim Macrofiscal mostram desaceleração da economia para 5,1% neste ano e 2,1% em 2022 por ‘deterioração das condições financeiras locais’

  • Por Jovem Pan
  • 17/11/2021 09h49 - Atualizado em 17/11/2021 15h05
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Washington Costa / Ministério da Economia Fachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios Fachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios

O Ministério da Economia revisou para baixo a previsão para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) e aumentou a estimativa para a inflação em 2021 e 2022, segundo o Boletim Macrofiscal divulgado nesta quarta-feira, 17, pela Secretaria de Política Econômica (SPE). A estimativa para a expansão da economia passou para 5,1% neste ano, ante previsão de 5,3% divulgada em setembro. Para 2022, a equipe econômica espera que o PIB avance 2,1%, ante alta de 2,5% projetada anteriormente. “O principal fator interno para redução das estimativas de atividade é a deterioração das condições financeiras locais. Observou-se, nos últimos meses, elevação mais intensa da parte longa da curva de juros”, apontou o governo. Nos fatores externos, o governo aponta a piora do cenário econômico e a quebra de cadeias produtivas como desafios para a economia. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a escalada dos juros em outubro ao acrescentar 1,5 ponto e elevar a Selic a 7,75% ao ano. Em ata, a autoridade monetária indicou aumento da mesma magnitude na reunião de dezembro, a última de 2021, fechando a taxa a 9,25% ao ano. O mercado estima que o BC deve seguir a alta nas primeiras reuniões de 2022 subir a taxa de juros para acima de dois dígitos já no primeiro trimestre. O BC reconhece que a estratégia deixa a Selic em campo contracionista, ou seja, quando os juros prejudicam o desenvolvimento da atividade econômica.

A deterioração com as perspectivas para a economia levou o mercado financeiro a rever para baixo a expectativa do PIB deste ano para alta de 4,88%, de acordo com previsões do Boletim Focus divulgados na segunda-feira. Para 2022, a estimativa também foi rebaixada, passando para avanço de 0,93%. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou recuo de 0,27% em setembro, na comparação com agosto, segundo dados divulgados pela autoridade monetária nesta terça-feira, 16. Foi o segundo mês seguido que o indicador veio em queda. Com o resultado, o IBC-Br registrou recuo de 0,14% no terceiro trimestre. Caso os dados se confirmem, será o segundo trimestre seguido de queda no PIB brasileiro em meio ao aumento do risco fiscal e da inflação, que impactam diretamente na alta dos juros. A economia encolheu 0,1% no trimestre encerrado em junho, após registrar alta de 1,2% entre janeiro e março. O valor oficial do PIB do terceiro trimestre será divulgado pelo IBGE no dia 2 de dezembro.

A SPE justificou a  projeção acima de 5% do PIB em 2021 pelo carregamento estatístico do ano passado, as taxas de poupança elevadas, a recuperação dos investimentos e a retomada dos serviços. “Ao mesmo tempo, existem riscos neste ano, notadamente o risco hídrico e o risco de um eventual recrudescimento da pandemia”, informou. Para o ano que vem, o otimismo é pautado pelos resultados positivos do mercado de trabalho e o volume de investimentos contratados. “Espera-se que, com a retomada do emprego informal, a taxa de participação e o nível de ocupação voltem aos seus níveis históricos, e, com isso, o produto cresça à taxa projetada”, pontuou a equipe econômica.

Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o medidor oficial da inflação brasileira, o Ministério da Economia projeta avanço 9,7% em 2021.  No Boletim Macrofiscal divulgado em setembro, a previsão era de 7,9%. O BC tem meta inflacionária de 3,75% neste ano, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2,25% e 5,25%. Já para 2022, a equipe econômica estima que a inflação fique em 4,7%, ante projeção de 3,75%. No ano que vem, a autoridade monetária deve perseguir a meta de 3,5%, com variação entre 2% e 5%. O IPCA avançou 1,25% em outubro, o maior registro para o mês desde 2002. O resultado levou o acumulado dos últimos 12 meses a 10,67%, maior valor para o período desde janeiro de 2016. Os dados estão em linha com o esperado pelo mercado financeiro. A previsão do Boletim Focus aponta para alta de 9,77% do IPCA neste ano, na 32ª semana seguida de revisão de baixo. Já para 2022, o mercado estima que o IPCA alcance 4,79%. Na semana anterior, a mediana apontava para alta de 4,63%. A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), visto como a inflação dos mais pobres, foi a 10,04% em 2021. O indicador, usado como referência para reajustes do salário mínimo e benefícios do INSS, avançou 1,16% em outubro, e 11,08% no acumulado em 12 meses.

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