Governo revisa inflação para cima e prevê alta de 4,4% em 2021; PIB é mantido em 3,2%
Dados do Boletim Macrofiscal apontam avanço nas projeções do IPCA com a permanência do encarecimento dos alimentos; inflação foi a 5,2% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro
O Ministério da Economia revisou a expectativa de inflação para 4,42% em 2021, ante expectativa de alta de 2,94% em novembro e 3,24% em setembro do ano passado, segundo o Boletim Macrofiscal divulgado nesta quarta-feira, 17, pela Secretaria de Política Econômica (SPE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi a 5,2% nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro e encostou no teto da meta de 5,25% perseguida pelo Banco Central, com centro de 3,75% e mínimo de 2,75%. “O preço dos alimentos continua a pressionar o IPCA, mesmo com o arrefecimento observado no início de 2021. A evolução do IPCA ao longo do ano de 2020 mostra que a inflação acumulada em 12 meses do grupo Alimentação no Domicílio, após atingir um valor mínimo de 5,1% em março de 2020, acelerou até alcançar o pico em novembro de 2020, quando foi de 21,1%, e fechou o ano em 18,2%. No dado mais recente, no acumulado em 12 meses, chegou a 19,4% (fevereiro de 2021)”, informou o documento.
O IPCA fechou 2020 com alta de 4,5%, acima do centro de 4% estimado para o BC e o maior valor desde 2016, pressionada principalmente pelo encarecimento dos alimentos e a alta do dólar. A projeção da SPE está abaixo da estimava de 4,6% esperado pelo mercado, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 15. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve anunciar nesta quarta-feira o primeiro aumento da Selic em quase seis anos, após o congelamento a 2% ao ano — o menor nível da história. Analistas estimam que a nova taxa de juros básico da economia brasileira fique entre 2,25% e 2,75%.
A equipe econômica manteve em 3,2% a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, o mesmo valor esperado nas edições divulgadas em setembro e novembro de 2020. Para os anos de 2022 a 2024, o Ministério da Economia projeta alta de 2,5%. Apesar de analistas apontam o avanço da pandemia da Covid-19, a retomada de medidas de restrição e a lentidão na imunização como fatores de derrubarão o PIB, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, afirma que o carregamento estatístico da alta do quatro trimestre do ano passado e indicadores econômicos registrados no início deste ano dão base para expectativa de alta de 3,2%. “O recrudescimento da pandemia foi muito forte, e as consequências para diminuir a propagação geram efeitos negativos sobre a economia. Por outro lado, temos efeitos positivos, e achamos mais prudente manter a projeção atual e, se necessário, fazer as alterações devidas”. Os cálculos da SPE projetam retração de 0,36% do PIB no acumulado entre janeiro e fevereiro. “O desempenho da economia no mês de março ainda é incerto, haja vista novos fatores que estão surgindo em decorrência da pandemia, como a maior rigidez das regras de distanciamento, e afetam a atividade econômica.”
A estimativa do desempenho da retomada econômica está de acordo com as expectativas do mercado financeiro, que também projeta avanço de 3,2%. O PIB representa a soma de todos os bens e serviços produzidos pelo país é um dos principais indicadores do desempenho econômico. O Brasil encerrou o ano passado com queda de 4,1%, o maior tombo da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), influenciado pela pandemia do novo coronavírus e a paralisação da economia global por conta das restrições de circulação de produtos e pessoas.
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