Ibovespa cai 0,55%, aos 129,2 mil pontos, com fator doméstico e piora global
Para além das incertezas fiscais domésticas, com consequência direta sobre o câmbio (perto de R$ 5,70), o cenário externo promete uma dose maior de volatilidade no curto prazo
O Ibovespa até resistiu à piora observada nos mercados de ações em Nova York, do meio para o fim da tarde, mas sustentou o sinal negativo pela quinta sessão consecutiva, o que o colocou nesta quarta-feira (23) abaixo dos 129 mil pontos na mínima intradia, convergindo com firmeza a níveis do começo de agosto. Nesta quarta-feira (23), o índice flutuou dos 128.589,13 aos 129.949,20 pontos, na máxima que correspondeu, como na terça-feira (22), ao nível de abertura.
No fechamento, mostrava perda de 0,55%, aos 129.233,11 pontos, com giro financeiro a R$ 17,7 bilhões. Na semana, o Ibovespa recua 0,97% e no mês cede 1,96%, elevando a retração no ano a 3,69%. Para além das incertezas fiscais domésticas, com consequência direta sobre o câmbio (ainda que tenha fechado em leve baixa, segue perto de R$ 5,70) e a curva do DI, o cenário externo promete uma dose maior de volatilidade no curto prazo, o que contribui para limitar o apetite por ações na Bolsa brasileira.
Dessa forma, em dia negativo tanto para o minério de ferro na China como para o petróleo em Londres e Nova York, os carros-chefes Vale (ON -1,75%) e Petrobras (ON -1,42%, PN -1,25%) voltaram a ceder terreno neta quarta-feira, em dia de retração bem distribuída pelas ações de maior peso e liquidez, à exceção de alguns bancos, como Itaú (PN +0,63%), Santander (Unit +1,24%) e BB (ON +0,11%) – setor percebido como defensivo em momento de cautela maior no mercado.
Na ponta ganhadora na sessão, destaque para IRB (+12,29%), Carrefour (+5,24%) e Cogna (+4,41%). No lado oposto, LWSA (-2,95%), Hypera (-2,81%) e Azul (-2,66%). Na agenda de dados dos Estados Unidos, o foco no período da tarde esteve no Livro Bege, uma compilação feita por unidades regionais do Fed sobre as condições econômicas locais.
A situação fiscal doméstica também segue no radar dos investidores. Houve resistências internas de integrantes da Esplanada dos Ministérios, que devem tornar ainda mais desafiador o trabalho da equipe econômica para cortar gastos. Liderado por um petista, o Ministério do Trabalho e Emprego, de Luiz Marinho, exemplifica a situação.
A pasta é responsável pelo seguro-desemprego e o abono salarial, duas políticas que custarão R$ 87,6 bilhões em 2025 e estão sob o escrutínio da Fazenda e do Planejamento para eventuais mudanças. Técnicos do Trabalho, por sua vez, dizem que ainda não foram consultados sobre os estudos.
No Brasil, diante da situação fiscal e da falta de reação do governo com relação a uma agenda de cortes de gastos, a “cabeça do BC” tem mostrado que o sinal da Selic é para cima, diz o operador de renda variável da Manchester Investimentos, Gabriel Mota.
*Reportagem produzida com auxílio de IA e Estadão Conteúdo
Publicado por Carol Santos
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