Ibovespa sobe e fecha aos 100 mil pontos pela primeira vez desde março

Indicadores com resultados positivos trazem perspectivas de recuperação mais robusta da economia; índice teve o pior momento em março, quando caiu aos 63,6 mil pontos

  • Por Camila Corsini
  • 10/07/2020 19h26 - Atualizado em 10/07/2020 19h27
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EFE/EPA/BIANCA DE MARCHI Pessoa olhando para um telão da Bolsa de Valores com números e nomes escritos EFEITO PANDEMIA: em março, a B3 chegou a enfrentar três circuit breaker em apenas quatro dias

O Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, voltou ao patamar dos 100 mil pontos nesta sexta-feira, 10, quatro meses depois do início da derrocada causada pela pandemia do novo coronavírus. O índice fechou aos 100.031 pontos, com alta de 0,88% em relação ao dia anterior, após notícias positivas sobre tratamento para a Covid-19. Desde o início de março, a B3 enfrenta instabilidades por causa das incertezas políticas e econômicas provocadas pela Covid-19 e teve a sua pior pontuação deste ano no dia 23 do mesmo mês, quando registrou 63.569 pontos — uma queda de 46,8% em relação ao melhor dia da Bolsa em 2020. Também em março, a B3 chegou a enfrentar três circuit breaker em apenas 4 dias — um marco histórico da Bolsa no Brasil. O mecanismo, que funciona como botão de pânico, é acionado quando o índice cai mais de 10% e serve como um “respiro” para os investidores repensarem suas estratégias.

A recuperação do mercado acionário ocorre em meio à consolidação dos impactos econômicos causados pela pandemia e devido à divulgação de indicadores econômicos mais favoráveis, o que traz ânimo aos investidores. Um desses dados foi o resultado do crescimento do varejo brasileiro em maio, que sinalizou que o pior da pandemia ficou para trás. Esses indicadores, com resultados melhores do que o esperado, trazem boas perspectivas de uma recuperação mais robusta da economia brasileira no pós-pandemia. “Os investidores estão mais focados na reabertura contínua das economias. No Brasil, os investidores se alegraram e se empolgaram com as vendas no varejo mensal muito maiores que o esperado. Era para ser de 5,9%, de acordo com as expectativas, e veio 13,9%. Os números indicam que a pandemia está se recuperando em ‘V’ [quando a retomada é tão rápida quanto a queda]. Os dados da semana passada, da indústria, mostraram que a retomada está mais forte do que acharam que ia ser”, afirma Pablo Spyer, economista e diretor da Mirae.

Entretanto, ainda há muita incerteza em relação aos desdobramentos da pandemia. Eventuais recrudescimentos no número de contaminações provocados pelo relaxamento das medidas de contenção podem levar a uma nova volatilidade nos preços das ações – impactadas pela perspectiva do faturamento futuro da companhia. Assim, analistas do mercado financeiro recomendam cautela nos investimentos e alertam para a necessidade de se observar indicadores mais concretos e menos contaminados pelas expectativas.

“Se esse patamar veio para ficar, não tem como saber, tem muitos fatos positivos e negativos acontecendo. Tudo vai depender dos estímulos monetários dos bancos centrais. O dinheiro injetado é positivo para as Bolsas, mas é preciso cautela. O mercado vem dando sinais mistos, as Bolsas avançam apesar da pandemia. A volatilidade mostra que esse caminho da recuperação não é tranquilo. Um fato negativo relevante é o da Latam Brasil, que pediu recuperação judicial nos EUA. É a primeira empresa brasileira a recorrer a essa opção enquanto tenta resolver as dívidas com os credores”, explicou Pablo. Pelo lado positivo, o Brasil vive um alivio da tensão politica.

O que é o Ibovespa

O índice, criado em janeiro de 1968, completou 52 anos e continua a ser o principal indicador de desempenho das ações negociadas no Brasil. Considerado um termômetro do mercado financeiro, ele mostra como está a evolução dos valores das ações de empresas listada na Bolsa. Fazem parte do Ibovespa 75 ativos de 72 companhias e cada um deles tem um peso específico. Entram nessa carteira virtual, os mais representativos da Bolsa, e a composição é reavaliada a cada quatro meses. Ele tem como unidade de medida o ponto, que representa simplesmente um valor absoluto da carteira. A partir da valorização e desvalorização dos ativos, essa pontuação vai se alterando ao longo do período. Os principais critérios para fazer parte do índice é ter uma boa liquidez e grande volume financeiro negociado. Ao todo, 391 companhias estão listadas na B3 atualmente. Quatro índices amplos são calculados e divulgados diariamente, como o Ibovespa, e 17 índices de segmento e setoriais, como o financeiro, o de sustentabilidade, entre outros.

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