Inflação dos mais pobres sobe 0,38% em agosto com alta de alimentos, diz Ipea
Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda também apontou que as famílias ricas tiveram deflação de 0,10% no mesmo período
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda de agosto registrou uma pressão inflacionária grande para as famílias pobres e menor para as famílias mais ricas, devido a inflação dos alimentos e a deflação dos serviços, devido a pandemia da Covid-19. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no último mês enquanto a taxa de inflação das famílias mais pobres apontou alta de 0,38%, a faixa de renda mais alta registrou uma deflação de 0,10%. No ano, o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda para as famílias muito pobres acumula alta de 1,5%. Para os mais ricos, há retração de 0,07% no índice.
As diferenças nas composições das cestas de consumo, entre as famílias muito pobres e as famílias mais ricas, explica a diferença. Especialmente quando se leva em conta as quantidades, além do preço, os muito pobres gastam, relativamente, mais com alimentos e menos com serviços. Já os mais ricos gastam mais, também relativamente, com serviços. “Evidencia-se uma pressão altista vinda dos alimentos no domicílio – que formam o grupo de maior peso na cesta de consumo das famílias mais pobres – e uma queda nos preços dos serviços, cujo alívio é bem mais intenso sobre o orçamento das famílias mais ricas”, diz um trecho do relatório do Ipea.
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda decompõe o IPCA por faixas de renda. A faixa mais pobre tem renda domiciliar abaixo de R$ 1.650,50 mensais por família. A faixa mais rica tem renda domiciliar acima de R$ 16.5009,66 mensais por família. Segundo o Ipea, enquanto a inflação dos alimentos voltou a se acelerar em agosto, os descontos dados por creches e escolas particulares por causa da pandemia contribuíram para derrubar ainda mais o índice de serviços. O preço das mensalidades escolares é exemplo típico de item que afeta mais os orçamentos dos mais ricos, já que as famílias mais pobres, tipicamente, não gastam com mensalidades, pois recorrem ao ensino público. “A retração no valor das mensalidades das creches (-7,7%) e das escolas de ensino fundamental (- 4,1%) e médio (- 2,9%) gerou um alívio maior sobre o orçamento da população de renda mais alta, pois é esse segmento que, majoritariamente, utiliza os serviços privados de educação”, diz o relatório do Ipea.
*Com Estadão Conteúdo
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