Mercado financeiro revisa para cima expectativa com a inflação em 2022 e 2023

Mediana da pesquisa do Banco Central aponta para avanço do IPCA a 5,38% ao fim deste ano, mais uma vez acima do teto da meta

  • Por Jovem Pan
  • 31/01/2022 11h34
EDUARDO DUARTE / ESTADÃO CONTEÚDO Retrato do edifício sede do Banco Central, em Brasília Pesquisa organizada pelo Banco Central indica nova alta para a projeção da inflação

O mercado financeiro voltou a revisar para cima a expectativa para a inflação de 2022 e 2023, segundo dados do Boletim Focus divulgados nesta segunda-feira, 31. A mediana da pesquisa do Banco Central (BC) para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao fim deste ano foi a 5,38%, ante estimativa de 5,15% na semana passada. A revisão afasta o patamar da meta de 3,5% perseguida pelo BC, com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 2% e 5%. Caso se confirme, será o segundo ano seguido que o IPCA estoura o teto. Em 2021, o índice encerrou com alta de 10,06%, muito acima da meta de 3,75%, com variação permitida de 2,25% e 5,25%. Para 2023, a pesquisa do BC apontou para alta de 3,5%, contra a expectativa de 3,4% da semana passada. No ano que vem, a autoridade monetária deve perseguir a meta de 3,25%, com limites de 1,75% e 4,75%.

Apesar do avanço na expectativa para a inflação, o mercado manteve congelada a previsão da Selic em 11,75% ao ano em 2022, e 8% em 2023. A taxa de juros encerrou 2021 com alta de 9,25%, o maior patamar em quatro anos. O Comitê de Política Monetária (Copom) volta a se reunir nesta terça e quarta-feira, 1º e 2, para definir o novo ajuste na Selic. Desde o fim do ano passado, a autoridade monetária deixou contratado novo aumento de 1,5 ponto percentual, elevando a taxa de juros para 10,75%. Caso se confirme, será a primeira vez que os juros ficam em dois dígitos desde maio de 2017. Em dezembro, o BC afirmou que a manutenção da escalada deve chegar a 11,75% ao longo de 2022, e que a Selic deve encerrar o ano a 11,25%. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, no entanto, disse que não sabe qual a taxa no final do ciclo de alta.

Analistas do mercado financeiro também revisaram a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 e 2023. Para este ano, a expectativa passou para alta de 0,3%, levemente acima da expectativa de 0,29% da semana passada. Em 2023, as fontes consultadas pelo BC estimam avanço de 1,55%. Na edição passada, a previsão era para crescimento de 1,69%. Os analistas também mantiveram a expectativa do dólar a R$ 5,60 ao fim deste ano. Para 2023, a expectativa é que a moeda norte-americana encerre a R$ 5,50. O câmbio fechou 2021 cotado a R$ 5,57, com desvalorização acumulada de 7,3% — o quinto ano seguido que o dólar fica acima do real. A divisa abriu a semana em queda, cotado na casa de R$ 5,35.

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