Petróleo se aproxima de US$ 140 e mercados desabam com ameaças de novas sanções à Rússia
Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que o país discute com a Europa o boicote ao petróleo produzido pelos russos
As ameaças de boicote dos Estados Unidos e de aliados da Europa ao petróleo produzido na Rússia fizeram o preço do barril disparar nesta segunda-feira, 7, e derrubou os mercados financeiros ao redor do mundo. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, confirmou neste domingo, 6, que o país está em “discussões muito ativas” com pares europeus para aumentar a pressão econômica sobre a Rússia como retaliação à invasão da Ucrânia. Os russos são os principais fornecedores das commodities energéticas na Europa, e o possível bloqueio ao mercado elevou os riscos de desabastecimento. Por volta das 14h40 (horário de Brasília), o barril do tipo Brent, referência na maior parte do globo, operava com alta de 3,5%, cotado a US$ 122,20. A cotação chegou a máxima de US$ 139,13, o maior valor desde a crise financeira de 2008. O petróleo tipo WTI, base do mercado norte-americano, registrava avanço de 2%, a US$ 117,88, após atingir o pico de US$ 130,50.
O movimento também é visto em commodities agrícolas e metálicas. A disparada em conjunto aumentou as pressões sobre a inflação na Europa, que já está nos maiores níveis em décadas. O risco de variação de preços elevado e baixo crescimento econômico deu novo fôlego para os temores de estagflação. O risco impacta diretamente no mercado financeiro global, com baixas registradas nos principais mercados da Europa, EUA e Ásia. O Nikkei, no Japão, fechou com queda de 2,9%, enquanto Shanghai retraiu 2,2%. Na Alemanha, a maior economia da Zona do Euro, o índice DAX fechou com queda de 2%, enquanto no Reino Unido o FTSE registrou baixa de 0,4%. O Stoxx 600, que reúne empresas de todo o continente, retraiu 1,1%. No outro lado do Atlântico, o Dow Jones registrava queda de 1,9%, enquanto o S&P operava com retração de 2%. A Nasdaq, referência para empresas de tecnologia, também caía 2%.
Seguindo o temor internacional, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores doméstica, operava com retração de 1,5%, aos 112.725 pontos. O clima de insegurança dá força ao dólar. O índice DXY, que mede a força da moeda norte-americana contra uma cesta de outras divisas, registrava avanço de 0,5%, indicando a aversão ao risco pelos investidores. Depois de passar parte da manhã em queda, o câmbio inverteu e registrava avanço de 0,1%, a R$ 5,084. A divisa chegou a bater a máxima de R$ 5,098, enquanto a mínima não passou de R$ 5,031. O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira a política de preços da Petrobras e afirmou que convocou uma reunião nesta tarde para debater a recente disparada do petróleo no mercado internacional e os impactos nos combustíveis. Desde 2016, a petroleira adota o preço de paridade de importação (PPI), política que baseia o valor cobrado às distribuidoras domésticas de acordo com a variação do petróleo no mercado global. Segundo o presidente, caso a estatal faça o repasse integral, os combustíveis sofrerão aumento de 50%, o que “não é admissível”.
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