Petróleo se aproxima de US$ 140 e mercados desabam com ameaças de novas sanções à Rússia

Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que o país discute com a Europa o boicote ao petróleo produzido pelos russos

  • Por Jovem Pan
  • 07/03/2022 14h46 - Atualizado em 07/03/2022 17h39
Kazuhiro NOGI / AFP Homem passa em frente telas em rua do Japão Risco de estagflação contaminou negativamente os maiores mercados do mundo no início dessa semana

As ameaças de boicote dos Estados Unidos e de aliados da Europa ao petróleo produzido na Rússia fizeram o preço do barril disparar nesta segunda-feira, 7, e derrubou os mercados financeiros ao redor do mundo. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, confirmou neste domingo, 6, que o país está em “discussões muito ativas” com pares europeus para aumentar a pressão econômica sobre a Rússia como retaliação à invasão da Ucrânia. Os russos são os principais fornecedores das commodities energéticas na Europa, e o possível bloqueio ao mercado elevou os riscos de desabastecimento. Por volta das 14h40 (horário de Brasília), o barril do tipo Brent, referência na maior parte do globo, operava com alta de 3,5%, cotado a US$ 122,20. A cotação chegou a máxima de US$ 139,13, o maior valor desde a crise financeira de 2008. O petróleo tipo WTI, base do mercado norte-americano, registrava avanço de 2%, a US$ 117,88, após atingir o pico de US$ 130,50.

O movimento também é visto em commodities agrícolas e metálicas. A disparada em conjunto aumentou as pressões sobre a inflação na Europa, que já está nos maiores níveis em décadas. O risco de variação de preços elevado e baixo crescimento econômico deu novo fôlego para os temores de estagflação. O risco impacta diretamente no mercado financeiro global, com baixas registradas nos principais mercados da Europa, EUA e Ásia. O Nikkei, no Japão, fechou com queda de 2,9%, enquanto Shanghai retraiu 2,2%. Na Alemanha, a maior economia da Zona do Euro, o índice DAX fechou com queda de 2%, enquanto no Reino Unido o FTSE registrou baixa de 0,4%. O Stoxx 600, que reúne empresas de todo o continente, retraiu 1,1%. No outro lado do Atlântico, o Dow Jones registrava queda de 1,9%, enquanto o S&P operava com retração de 2%. A Nasdaq, referência para empresas de tecnologia, também caía 2%.

Seguindo o temor internacional, o Ibovespa, referência da Bolsa de Valores doméstica, operava com retração de 1,5%, aos 112.725 pontos. O clima de insegurança dá força ao dólar. O índice DXY, que mede a força da moeda norte-americana contra uma cesta de outras divisas, registrava avanço de 0,5%, indicando a aversão ao risco pelos investidores. Depois de passar parte da manhã em queda, o câmbio inverteu e registrava avanço de 0,1%, a R$ 5,084. A divisa chegou a bater a máxima de R$ 5,098, enquanto a mínima não passou de R$ 5,031. O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda-feira a política de preços da Petrobras e afirmou que convocou uma reunião nesta tarde para debater a recente disparada do petróleo no mercado internacional e os impactos nos combustíveis. Desde 2016, a petroleira adota o preço de paridade de importação (PPI), política que baseia o valor cobrado às distribuidoras domésticas de acordo com a variação do petróleo no mercado global. Segundo o presidente, caso a estatal faça o repasse integral, os combustíveis sofrerão aumento de 50%, o que “não é admissível”.

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