Indicado de Lula à Petrobras quer adotar nova política de preço de combustíveis, mas ‘sem traumas ao investidor’

Jean Paul Prates defendeu revisão do uso do Preço de Paridade de Importação (PPI) como referência para precificação dos combustíveis

  • Por Jovem Pan
  • 02/01/2023 17h20 - Atualizado em 02/01/2023 17h35
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REUTERS/Paulo Whitaker/File Photo Petrobras Jean Paul quer que a empresa invista mais em atividades renováveis e na área de refino para garantir segurança energética

Indicado pelo governo eleito para a presidência da Petrobras, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse que a política de preços de combustíveis do país irá mudar no governo Lula, mas ressaltou que isso não significa descolar totalmente os valores pela estatal dos praticados no mercado internacional. A jornalistas, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Prates defendeu rever a utilização do Preço de Paridade de Importação (PPI) como referência para os preços internos dos combustíveis, uma vez que o Brasil é “quase” autossuficiente em refino, mas notou que não se pode “traumatizar investidores”. “Quando falamos em extinguir ou parar de usar o PPI como referência, não é que vamos desgarrar o preço completamente do mercado internacional, o país não é louco, não vamos criar uma economia paralela no Brasil”, disse. “Quer dizer que vamos parar de balizar o preço da porta da refinaria com o preço de um produto produzido em lugares completamente aleatórios, distantes, do mundo, mais frete e mais despesas de colocação. “Prates disse ainda que a política de preços da Petrobras mudará “não necessariamente para traumatizar investidor, nem o retorno dos investimentos”, mas porque a “política do país vai ser alterada”. “A mudança de diretrizes de preços vai ser dada por um consórcio do governo, Ministério da Fazenda, Ministério de Minas e Energia, Petrobras, Conselho Nacional de Política Energética. Esse pessoal vai dizer: ‘olha, temos que chegar em uma fórmula, alguma coisa de referência, que não seja apenas o preço de Rotterdam mais despesas'”, explicou.

Sobre sua indicação para o cargo de CEO da estatal, ele avaliou que poderá ser efetivado no cargo em meados de janeiro e disse que está “totalmente tranquilo” sobre a Lei das Estatais em relação à sua indicação. Prates indicou que, quando assumir o posto, ainda levará um tempo para que decisões comecem a ser tomadas. “Temos que nos organizar e saber como a companhia está, todo mundo aqui é responsável, ninguém vai sair no primeiro dia já anunciando uma coisa.” A escolha de Prates para presidir a Petrobras confirma a intenção do governo eleito de promover uma grande mudança na estratégia da petroleira, que nos últimos anos colocou grande parte de seus investimentos na exploração e produção de petróleo no pré-sal. Prates já indicou que quer a petroleira com uma atuação mais diversificada e voltada à transição energética. “A própria discussão da política de combustíveis também vai ganhar uma trégua… Provavelmente vamos ter uma trégua de 30, 60 dias para segurar os impostos”, acrescentou. A proposta de Prates vai na linha das promessas de campanha do presidente eleito, após o país ter sofrido nos últimos anos os impactos da volatilidade dos preços do petróleo, cujo mercado foi atingido fortemente neste ano pela guerra na Ucrânia e embargos à Rússia.

*Com informações da Reuters

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