Reajuste de combustíveis e tensões políticas fazem ações da Petrobras caírem 7,25%; dólar sobe para R$ 5,14
Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, sofreu queda de 2,90% e encerrou o dia abaixo dos 100 mil pontos pela primeira vez desde novembro de 2020
Na esteira do forte declínio do petróleo no exterior, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) fecharam em queda de 7,25% nesta sexta-feira, 17, mesmo com o novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel. Mais cedo, os papéis chegaram a cair mais de 10%. O Ibovespa também sofreu queda (2,90%) e encerrou aos 99.824,94 pontos. Essa é a primeira vez desde novembro de 2020 que o principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3) fecha abaixo dos 100 mil pontos – à época, foram registrados 97.866,81 pontos. O tombo da Bolsa está relacionado às reações do mundo político ao aumento das tarifas do diesel e da gasolina – o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em entrevista a uma rádio de Natal, capital do Rio Grande do Norte, que estuda, em parceria com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Casa para apurar a conduta da diretoria da estatal. Em uma publicação feita em seu perfil no Twitter, Lira pediu que o presidente da petroleira, José Mauro Ferreira Coelho renuncie imediatamente. O dólar, por sua vez, subiu 2,35% hoje e fechou cotado a R$ 5,144.
A Petrobras anunciou, na manhã desta sexta-feira, 17, um novo reajuste dos preços da gasolina e do diesel. O preço do litro da gasolina vai de R$ 3,86 para R$ 4,06, um salto de 5,18% – o último aumento ocorreu há mais de três meses, no dia 11 de março. O do diesel, por sua vez, vai de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro – 14,26% de alta. A última mudança desta tarifa havia sido feita no dia 10 de maio. As novas tarifas passam a valer no sábado, 18. “A companhia tem buscado o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio. Esse posicionamento permitiu à Petrobras manter preços de GLP estáveis por até 152 dias; de diesel por até 84 dias; e de gasolina por até 99 dias”, diz nota da estatal. “Com esse movimento, a Petrobras reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos da volatilidade das cotações internacionais e da taxa de câmbio, ou seja, evita o repasse das variações temporárias que podem ser revertidas no curto prazo. Dessa maneira, observando a evolução do mercado, foi possível manter os preços de venda para as distribuidoras estáveis por 99 dias para a gasolina e 39 dias para o diesel”, diz outro trecho do comunicado.
Dados da Associação Brasileira dos Importadores e Combustíveis (Abicom) mostram que a defasagem chega a 18% no diesel e de 14% na gasolina frente às cotações internacionais. Os dados indicam que há margem para novos reajuste. Com os preços defasados em relação ao exterior, a Petrobras tem sofrido pressão do governo para manter a gasolina e o diesel congelados até as eleições, enquanto o mercado espera que a empresa prossiga com a sua política de preço de paridade de importação (PPI).
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