Retomada do mercado de trabalho ainda deve ser gradual, aponta FGV
Indicador Antecedente de Emprego sobe 0,9 ponto em agosto e vai a 90,1 pontos, nível semelhante ao pré-pandemia; recuperação será pautada na volta do setor de serviços
A retomada do mercado de trabalho após o choque causado pela segunda onda da pandemia do novo coronavírus, no primeiro trimestre deste ano, deve ocorrer de forma gradual e será pautada na recuperação do setor de serviços, informou nesta quarta-feira, 8, a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) subiu 0,9 ponto em agosto e alcançou 90,1 pontos, o maior nível desde fevereiro de 2020, quando registrou 92 pontos. Este foi o quinto mês seguido de avanço. “Após o impacto da segunda onda de Covid, o movimento iniciado de flexibilização desde então parece ter contribuído para a retomada do mercado de trabalho. O resultado mais tímido do indicador nesse mês sugere que essa recuperação ainda deve ser gradual”, afirma Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre. “O controle da pandemia e a melhora do setor de serviços, setor que mais emprega, são fundamentais para a continuidade desse cenário positivo.”
Dos sete componentes do IAEmp, quatro contribuíram para a alta do mês, com destaque para indicador que mede a situação corrente dos negócios no setor dos serviços, cujo aumento de 7,4 pontos na margem, contribuiu com 1,1 ponto na alta do indicador agregado. O setor foi o mais impactado pelas medidas de isolamento social impostas por Estados e municípios para tentar barrar o avanço da crise sanitária. A prestação de serviços também corresponde a mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e foi o único dos três componentes do índice que registrou avanço no segundo trimestre, quando a economia nacional encolheu 0,1%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) mostraram que a taxa de desocupação no Brasil recuou para 14,1% no segundo semestre deste ano. O número representa uma diminuição de 0,6 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre e um avanço nos indicadores de ocupação. Ainda assim, o país soma 14,4 milhões de desempregados. De acordo com os números divulgados IBGE, a melhora nos índices foi influenciada majoritariamente pelo número de pessoas ocupadas, que avançou 2,5%, com 2,1 milhões de contratações no período, subindo 1,2% ponto percentual. Ainda assim, mais da metade da população com idade para trabalhar no Brasil (50,4%) não tem emprego. Já o mercado de trabalho com carteira assinada registrou saldo positivo de 316.850 vagas em julho, o sétimo mês seguido de avanço, de acordo com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
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