Equipe de peritos argentinos descarta identificação de estudante mexicano

  • Por Agencia EFE
  • 18/09/2015 02h40

Cidade do México, 17 set (EFE).- A Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), que investiga o desaparecimento de 43 estudantes de magistério ocorrido no México no ano passado, afirmou nesta quinta-feira que a correspondência genética entre o DNA dos fragmentos ósseos proporcionados pela Procuradoria Geral da República (PGR) do México e familiares de uma das vítimas “é baixa em termos estatísticos”.

A EAAF, que atua de forma independente das autoridades mexicanas após solicitação dos familiares dos estudantes e de organizações sociais, comentou em comunicado os resultados divulgados hoje pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Innsbruck, na Áustria.

O instituto austríaco confirmou a identificação dos fragmentos ósseos de um segundo estudante, Jhosivani Guerrero de la Cruz, através da análise de DNA mitocondrial.

“Uma amostra coincidiu plenamente com os restos do estudante identificado anteriormente (Alexander Mora Venancio), e a outra amostra coincidiu com o DNA da família de outro estudante mexicano desaparecido (Jhosivani Guerrero)”, indicou o instituto de Innsbruck em um boletim.

Sobre a nota dos peritos austríacos, a EAAF considerou que no caso de Alexander, a identificação inicial, realizada através da análise do DNA nuclear, “deu como resultado uma coincidência genética forte e clara com a família do jovem”.

Devido ao elevado nível de deterioração das amostras enviadas pela PGR, o Instituto de Medicina Legal da Universidade de Innsbruck aplicou uma técnica diferente, através da análise do DNA mitocondrial, que apresentou “coincidências iniciais com parentes maternos de Jhosivani Guerrero de la Cruz e, novamente, de Alexander Mora Venancio”, assinalou a equipe argentina.

No entanto, a EAAF argumentou que, no caso de Jhosivani Guerrero de la Cruz, a correspondência genética pela via mitocondrial entre a amostra enviada pela PGR e os familiares do jovem “é baixa em termos estatísticos”.

O relatório apresentado pelo laboratório de Innsbruck indica 72 pontos de coincidência genética no caso de Jhosivani entre os fragmentos ósseos e o DNA de seus parentes, enquanto no caso de Alexander este número é de 1.201.

Além disso, a EAAF acrescentou que “existem sérias dúvidas sobre a origem das amostras analisadas” em Innsbruck.

“Pelo mencionado anteriormente, a coincidência genética mitocondrial entre a amostra óssea 16-29102014 e a mãe do jovem Jhosivani Guerrero de la Cruz não é considerada pela EAAF como um resultado definitivo”, opinaram os peritos argentinos.

Segundo a versão oficial da PGR, em 26 de setembro de 2014 um grupo de policiais em Iguala, um município do estado de Guerrero, atirou contra dezenas de alunos de uma escola de magistério, por ordens do então prefeito dessa cidade, José Luis Abarca, deixando seis mortos e 25 feridos.

Após esse episódio, os policias sequestraram 43 jovens e os entregaram à organização criminosa Guerreros Unidos, que matou todos eles e os incinerou no lixão em Cocula (Guerrero), jogando em seguida as cinzas em um rio.

Dezessete fragmentos de ossos encontrados nesses locais foram enviados no ano passado para Innsbruck para que fossem analisados.

O Grupo Interdisciplinar de Analistas Independentes (GIEI) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que investigou o caso durante seis meses apresentou em 6 de setembro um relatório que afirmava não haver informação suficiente para garantir que os jovens foram queimados no lixão. EFE

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