Estudos genéticos entram na batalha contra a dor crônica

  • Por Agencia EFE
  • 17/10/2014 10h33
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Alida Juliani Sánchez.

Buenos Aires, 17 out (EFE).- O estudo genético exerce atualmente um papel preponderante para definir como as pessoas sentem e respondem a qualquer tipo de dor crônica, uma doença que afeta 30% da população mundial, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A dor que se estende no tempo além de seis meses deixa de ser um sintoma para passar a ser uma patologia, cuja origem e tratamento foram debatidos durante esta semana em Buenos Aires por mais de seis mil profissionais de todo o mundo.

“A dor se transmite, e hoje se sabe efetivamente a importância que o impacto genético tem em sua percepção”, explicou à Agência Efe o neurocirurgião Fabián Piedimonte, presidente do Comitê Local da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP, na sigla em inglês).

“Hoje a genética tem um papel preponderante para definir como um indivíduo vai sentir a dor, se terá uma maior ou menor sensibilidade”, acrescentou.

Segundo Piedimonte, o tratamento da dor de forma individual ou isolada é algo que se fez desde sempre, mas sua avaliação como doença é algo “muito recente”, motivo pelo qual não existem suficientes profissionais de saúde especializados nessa área.”Um dos objetivos deste congresso foi treinar e alertar os médicos para que estejam capacitados para os que sofrem deste mal”, destacou o neurocirurgião.

A porcentagem de pessoas afetadas por algum tipo de dor crônica chega a 50% entre os maiores de 65 anos, enquanto entre os maiores de 80 alcança 85% da população.

“E o estilo de vida tem sem dúvida muito a ver com isso”, assegurou Piedimonte, que destacou as dores da coluna como uma das mais frequentes.

Depois das lombares, aparecem na segunda posição os padecimentos osteoarticulares (artroses) e depois as neuropatias, originadas por uma alteração na comunicação nervosa, por exemplo nas fibromialgias.

“E essa dor crônica tem um efeito devastador sobre a personalidade de quem a sofre”, ressaltou o médico.

Depressão, ansiedade e falta de sono são algumas das consequências de uma dor constante que, segundo Piedimonte, “pode e deve ser combatida”.

“Há uma infinidade de tratamentos que pode preveni-la e combatê-la que vão desde a administração de analgésicos em distintas escalas à técnica mais inovadora: a neuromodulação, que consiste em implantar um dispositivo que atua como bloqueador daquilo que produz a dor”, explicou.

Existem outros métodos como os derivados da morfina, “que, com a aplicação adequada, também ajudam”, as infiltrações ou os tratamentos químicos.

“E o desejável seria dizer que muitas destes tratamentos poderiam fazer desaparecer a dor crônica, mas não é o caso, eles podem apenas atenuar”, comentou o neurocirurgião.

Apesar de tudo, segundo a OMS, apenas 10% das pessoas que sofrem essa dor tem acesso a um tratamento adequado, seja por baixa prescrição do médico, por baixa provisão das enfermeiras, ou porque o paciente não expressou a dor.

Por isso, Piedimonte salientou a necessidade de capacitar especialistas na área e de oferecer aos doentes não só um tratamento dirigido ao aspecto físico, mas também em nível psicológico.

“Está claro que o cérebro exerce um papel importante na sensibilidade à dor, e um exemplo disso são os atletas, que podem realizar esforços incríveis sob altos níveis de adrenalina”, disse.

Junto com o neurocirurgião, médicos clínicos e psicólogos, entre outros profissionais, participaram nesta semana na capital argentina do Congresso Mundial da Dor que, pela primeira vez em 15 edições, aconteceu fora da Europa ou dos Estados Unidos. EFE

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