EUA querem conquistar mercado de grãos em Cuba com fim de embargo

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2015 18h13
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Washington, 21 abr (EFE).- O governo dos Estados Unidos explicou nesta terça-feira ao Congresso que a necessidade de importação por Cuba de cereais “deveriam” satisfazer os produtores americanos, que manifestaram interesse em conquistar esse mercado assim que o processo de abertura à ilha for consolidado.

Em uma audiência realizada no Comitê de Agricultura do Senado, o subsecretário de Departamento de Agricultura para Serviços Exteriores, Michael Scuse, explicou aos legisladores que 80% dos alimentos da ilha são importados e, no caso do cereal, é fornecido quase que completamente pela União Europeia.

“Os mercados de trigo, milho e arroz deveriam ser nossos”, comentou.

Scuse, que ressaltou que o caminho para a abertura e a troca fluída de mercadorias com Cuba ainda é longo, reiterou que os Estados Unidos não podem desperdiçar oportunidades comerciais com Havana, embora haja outros muitos países que já tenham assumido a dianteira nesse sentido.

“Os EUA têm potencialmente enormes vantagens estruturais na exportação para Cuba. O principal deles é a localização. Estamos a menos de 100 milhas de distância (160 km), o que significa um custo menor de envio e de tempo, especialmente em comparação com os atuais principais concorrentes, Brasil e Europa”, disse.

“Além disso, existe o fato de que os 11 milhões de consumidores cubanos desejam produtos alimentícios que os Estados Unidos podem fornecer e de que a agricultura americana quer vender para Cuba”, acrescentou o subsecretário, que detalhou que, por exemplo, Havana importa da Nova Zelândia produtos que os Estados Unidos fornecem.

No entanto, perguntado pelos senadores, Scuse se referiu às exigências dos setores mais conservadores para pressionar Cuba sobre um giro em matéria de direitos humanos antes permitir que haja trocas comerciais mais amplas.

“Queremos pressionar o governo cubano para que mude sua postura em direitos humanos”, disse, ao explicar que, no entanto, a Administração deve buscar um equilíbrio nas negociações entre os dois países que ajudem, sobretudo, aos cubanos.

O diretor interino do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro de EUA, John Smith, também ilustrou aos senadores a excepcionalidade que as empresas americanas precisarão superar para exportar mercadorias em solo cubano.

“Os exportadores dos Estados Unidos continuam a encontrar barreiras, incluindo que todos os bens agrícolas americanos sejam importados através da Alimport (Empresa Cubana Importadora de Alimentos), o monopólio estatal cubano”, explicou Smith, que disse que nenhum outro país passa por esses processos.

Além disso, continuou, os exportadores americanos não podem oferecer incentivos financeiros por lei, como empréstimos por compra, “uma limitação” que os deixa em posição de inferioridade em relação a outros concorrentes de outros países.

O presidente americano, Barack Obama, suspendeu algumas das sanções que recaíam sobre a ilha.

No entanto, apesar desses alívios nas exportações vinculados a alguns bens, para o pleno rendimento da troca agrícola entre as duas nações é necessário que o Congresso trabalhe para retirar o embargo comercial que existe sobre Havana há mais de 50 anos. EFE

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