Ex-chefe de Inteligência não foi citado no caso Nisman, segundo seu advogado

  • Por Agencia EFE
  • 05/02/2015 11h50

Buenos Aires, 5 fev (EFE).- O advogado do ex-chefe de Operações da Secretaria de Inteligência da Argentina Antonio “Jaime” Stiuso negou nesta quinta-feira que seu cliente tenha recebido uma intimação para depor no caso da morte do promotor Alberto Nisman, com quem colaborava na investigação do atentado contra uma associação judaica em 1994.

“Stiuso não foi notificado para depor”, afirmou hoje o advogado Santiago Blanco Bermúdez, representante de Stiuso, em declarações para uma rádio local.

O advogado admitiu que não teve contato com o ex-agente “nos últimos dias” e não sabe “se ele está ou não no país para que receba a intimação”, mas afirmou que se Stiuso tivesse recebido o telegrama com a ordem judicial já teria o avisado.

“Me inteirei pelos jornais da intimação mas a nós não chegou nada. Vou me aproximar da promotoria para saber o que se passa mas eu acabo de saber pelos jornais”, disse para a rádio “America”.

“Há vontade absoluta de Stiuso de depor”, afirmou o advogado, que não revelou quando esteve com o ex-espião pela última vez porque é “segredo profissional”.

Stiuso, substituído de seu cargo em dezembro do ano passado, foi apontado pela presidente argentina, Cristina Kirchner, como o responsável por uma manobra de desestabilização do governo que inclui a morte do promotor Nisman.

O ex-chefe de Inteligência era colaborador próximo com Nisman, que morreu em sua casa em Buenos Aires no dia 18 de janeiro com um disparo na cabeça, em circunstâncias ainda não esclarecidas, quatro dias após denunciar Cristina e vários de seus colaboradores por acobertamento de suspeitos iranianos do atentado.

“É um tratamento desagradável que está fazendo o governo. São todas declarações políticas. São especulações que não conduzem a nada”, disse Blanco.

A promotora Viviana Fein determinou ontem que Stiuso deponha hoje pois a investigação encontrou chamadas do ex-agente para Nisman nos dias anteriores a sua morte.

“Não me consta que Nisman tenha falado com Stiuso”, afirmou hoje seu advogado.

“A partir de minha perspectiva, eu conheci Nisman há muitos anos, era muito obsessivo. Era extremamente zeloso e personalista, além de brilhante e com uma mente privilegiada. Me surpreende a hipótese do suicídio”, ponderou Blanco.

“Stiuso tinha uma frota de telefones em seu nome e pode ser que alguém tenha utilizado alguns desses números para falar com Nisman”, explicou em entrevista para a rádio “Vorterix”.

Antonio Horacio Stiuso, conhecido como “Jaime Stiles”, de 61 anos, começou a trabalhar para a inteligência argentina em 1972 e foi conquistando poder durante a ditadura (1976-1983) e os governos democráticos, até chegar à cúpula do serviço secreto.

Em dezembro, a presidente renovou a direção de Inteligência e colocou no seu posto máximo um nome de sua máxima confiança, Óscar Parrilli.

Considerado um dos homens mais poderosos do serviço secreto argentino, Stiuso possui informação valiosa sobre personagens relacionados ao poder e tem boas relações com agências de espionagem internacionais, como a Cia e a Mossad.

Na segunda-feira, Stiuso foi denunciado pelo parlamentar portenho Gustavo Vera por enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e suborno, delitos que teriam sido praticados por meio de empresas que o ex-chefe de Operações de Inteligência formou com outros agentes. EFE

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