Jovem Pan
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Ex-diretor do Banco Central entende que ajustes na economia continuarão em 2016

Alexandre Schwartsman

Diferente do discurso do governo, os duros ajustes fiscais na economia brasileira não devem terminar tão cedo, mas adentrar 2016. É o que entende o economista e ex-diretor do Banco Central do Brasil (BC) Alexandre Schwartsman, em entrevista exclusiva à jornalista de economia Denise Campos de Toledo, da Jovem Pan.

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“O ajuste está caminhando na direção correta”, considera Schwartsman, entendendo que o governo está se esforçando no sentido de corrigir as contas públicas e exemplifica: “O Banco Central admite que inflação é um problema, embora muito relutantemente”.

Porém, o ex-diretor do BC avalia que “em termos de magnitude, não parece que (o governo) vai colocar toda casa em ordem já em 2015 para abrir espaço para o crescimento em 2016”. Ele entende que os ajustes vão continuar em 2016. O discurso governamental de que até o final do ano ou no segundo semestre a economia já se estabilizaria “é uma tremenda balela”, classifica Schwartsman.

“A situação é mais difícil do que em 2003, seja no campo econômico, seja no campo político”, disse, em referência ao primeiro ano do primeiro mandato de Lula, quando o mercado temia medidas radicais do presidente petista. À época, um ajuste rápido foi suficiente.

Mercado de Trabalho

O ex-diretor cita também núeros do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), órgão do governo que registrou perda em fevereiro de algo como 2 mil a 3 mil postos. “Para o mês, é muito”, disse. “O mercado de trabalho vai piorar mais”, projeta.

Schwartsman entende que “não sobrou opção para o Banco Central”. “(O BC) tinha uma certa munição e gastou no último ano e meio”, avaliou, lutando contra a volatibilidade do câmbio.

Juros e inflação

O ex-diretor do Banco Central, que controla a taxa de Selic, entende também que os juros atuais de 12,75% não serão suficientes para manter a inflação no centro da meta de 4,5% em 2016. Para 2015, Schwartsman prevê 8,5% a 9% de inflação.

“13% de juros não entrega a inflação na meta: entrega em torno de 6%”, considera.

“A gente ainda vai estar trabalhando em 2016 para corrigir cinco ou seis anos de bobagens seriais cometidas contra a economia brasileira”, opinou.

Ouça a entrevista no áudio acima.

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