Família de jornalista detido a 100 dias no Irã pede sua libertação

  • Por Agencia EFE
  • 30/10/2014 14h23

Teerã, 30 out (EFE).- A família do correspondente do “Washington Post” em Teerã, o iraniano-americano Jason Rezaian, pediu nesta quinta-feira sua libertação, dia em que completam cem dias de sua prisão sem que tenham sido divulgadas as acusações.

“Durante mais de dez anos Jason escreveu descrições justas e honestas sobre a vida no Irã e trabalhou duro para desarmar os conceitos errôneos que outras partes do mundo têm sobre o país. Agora está detido há mais de cem dias sem acusações. Por que silenciam sua voz?”, disse sua mãe, Mary Breme Rezaian, à Agência Efe desde a Turquia.

Breme garante que seu filho, de 38 anos, é “um jornalista íntegro e uma pessoa amável e decente”.

“Que mensagem o Irã está mandando a um mundo que já suspeita e desconfia desse país? Que o Irã não é um país seguro”, acrescentou.

A mãe do repórter lamentou “não ter falado com ele ou tido notícias há mais de três meses”. Como Rezaian tem pressão alta, ela está “muito preocupada com sua saúde e bem-estar”.

Sua prolongada detenção “prejudica Jason, prejudica sua família e, também prejudica o Irã, um país que merece uma imagem melhor do que esta”.

O jornalista foi detido junto com sua esposa, a correspondente do jornal dos Emirados Árabes, “The National Yeganeh Salehi”, em 22 de julho, mesmo dia em que uma fotógrafa freelancer que tinha trabalhado para o “Washington Post”, e seu marido, foram detidos.

Todos eles têm dupla nacionalidade iraniana e americana (o que o Irã não reconhece) exceto Salehi, que está em trâmite para obtenção da permissão de residência e trabalho nos Estados Unidos, país considerado inimigo pelo Irã. Eles não mantém relações diplomáticas.

A fotógrafa e seu marido (que pediram para não ser identificados) foram libertados semanas mais tarde, enquanto Salehi foi solta após pagar fiança há três semanas e não fez declarações sobre sua situação nem as condições de sua detenção.

“Minha nora foi liberada. Já era hora, e já é hora de libertar Jason”, afirmou Breme.

O Irã não reconhece a dupla nacionalidade, por isso não permitiu a nenhum dos detidos ter acesso a assistência consular.

As autoridades iranianas não informaram quais são as acusações contra os repórteres, mas vários meios ultraconservadores apontaram acusações de espionagem.

Uma carta aberta assinada pela mãe e pelo irmão de Jason, Ali Rezaian, e divulgada hoje pelo “Washington Post”, afirma que o jornalista está recluso em uma cela de isolamento na prisão de Evin, no norte de Teerã, que acolhe presos comuns e políticos.

“Se o Irã tem alguma prova contra Jason, por que não o comunicaram? Por que não o acusam e permitem que contrate um advogado para se defender?”, questionou a carta.

Segundo a ONG0 Repórteres Sem Fronteiras, 65 jornalistas e blogueiros estão atualmente detidos no Irã, a maioria acusada de delitos como “atentar contra a segurança nacional”, “fazer propaganda contra o Estado”, “divulgar falsidades” e “perturbar a ordem pública”. EFE

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