Familiares de passageiros do voo MH370 exigem provas indubitáveis de acidente
Tamara Gil.
Pequim, 25 mar (EFE).- A angústia e as dúvidas sobre a versão oficial levaram nesta terça-feira os familiares dos 154 passageiros chineses do voo MH370 a se manifestarem em frente à embaixada da Malásia em Pequim para exigir do governo do país e da Malaysia Airlines “provas indubitáveis” sobre o destino do avião.
“O governo da Malásia deve basear suas conclusões em provas mais reais, não em estudos de satélites. Sem terem recolhido nenhuma peça do avião nem terem comprovado nada. O primeiro-ministro malaio deveria vir pedir perdão”, disse à Agência Efe um homem cuja mãe estava no voo, desaparecido em 8 de março quando fazia o trajeto Kuala Lumpur-Pequim.
As famílias, que estão reunidas há mais de duas semanas em um hotel da capital chinesa, enfureceram-se hoje após a suspensão da audiência que as autoridades malaias faziam todos os dias para relatar avanços na investigação.
Ontem à noite, a Malásia informou aos familiares que o avião caiu ao oceano Índico e que não há esperanças de se encontrar sobreviventes.
“Todo dia vinham diplomatas e representantes da companhia aérea, mas ontem à noite nos disseram que se tinha terminado e que o avião caiu no Índico, sem provas conclusivas, e hoje, às dez da manhã, na hora da reunião, ninguém veio. É uma falta de respeito”, afirmou à Efe o jovem Steve Wang,
O grupo de famílias, formado por cerca de 200 pessoas, tem dúvidas sobre a versão oficial malásia, que se baseia em novas análises de dados captados por satélites, e classifica o governo malaio e a companhia aérea de “mentirosos”.
“A Malaysia Airlines atrasou as tarefas de busca e enganou todo o tempo. E o governo da Malásia é o culpado, não se pode confiar nele. Esperamos que Pequim nos ajude a recuperar nossos parentes”, disse o pai de um dos passageiros do voo MH370.
Inicialmente, os familiares pretendiam ir para a embaixada de ônibus, mas após uma longa espera decidiram ir andando.
“Pressionamos mais desta maneira”, explicou Wang após vencer a barreira de policiais e seguranças que tentavam impedir o prosseguimento da marcha e forçavam sua volta para os veículos.
No entanto, a angústia e o desespero de muitos dos cidadãos fez com que as autoridades deixassem os familiares realizarem uma passeata de duas horas, que cruzou algumas das principais vias da capital, onde o tráfego foi bloqueado durante a passagem.
“Queremos saber a verdade!”, gritava por um alto-falante um dos familiares, vestido com a mesma camiseta branca que a maioria do grupo, e na qual se podia ler “rezem pelo MH370”.
Com semblante exausto, cabisbaixos e muitos com lágrimas nos olhos, os manifestantes mostravam cartazes com mensagens como “MH370, não nos faça esperar demais”, “filho, teu pai e tua mãe têm o coração destroçado”, “marido, volta para casa em breve, que vão fazer tua esposa e teu filho sem ti?” e “Malaysia Airlines, diga a verdade”. EFE
tg/dk
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