Felipe VI se oferece como um rei renovador que favoreça a estabilidade

  • Por Agencia EFE
  • 19/06/2014 14h57

Jesús García Becerril.

Madri, 19 jun (EFE).- Felipe VI foi proclamado nesta quinta-feira novo rei da Espanha e se ofereceu a renovar a monarquia, a ser fiador da estabilidade institucional e a potencializar o papel internacional de um país que, disse, pode manter a unidade territorial dentro de sua diversidade.

O Congresso dos Deputados acolheu o juramento por parte de Felipe VI da Constituição e sua proclamação como rei, na presença de sua esposa, Letizia, e suas duas filhas, a nova princesa das Astúrias e herdeira da Coroa, Leonor, e a infanta Sofía.

O discurso que pronunciou a continuação era muito esperado e com ele deu pistas de como enfrentar alguns dos temas que preocupam os espanhóis.

Em primeiro lugar a crise econômica e, embora diferentes indicadores assinalem que o pior ficou para trás, Felipe VI quis mostrar-se próximo a quem não têm trabalho e más perspectivas.

“Quero transmitir minha solidariedade a todos aqueles sobre quem a crise econômica se abateu duramente até ver-se feridos em sua dignidade como pessoas. Temos o dever de trabalhar para reverter esta situação e oferecer proteção às pessoas e às famílias mais vulneráveis”, disse o monarca, pedindo que a criação de emprego seja uma prioridade.

Em um Estado no qual o depósito compulsório de seus territórios é um tema que suscita forte debate e onde na atualidade os nacionalistas bascos e catalães impulsionam o objetivo de decidir sobre seu território, o novo rei teve o gesto de agradecer nas quatro línguas oficiais: castelhano, catalão, basco e galego.

Mas também aproveitou para ressaltar que a Espanha é “unida e diversa” e que “na solidariedade entre seus povos e no respeito à lei, cabemos todos; cabem todos os sentimentos e sensibilidades, cabem as distintas formas de se sentir espanhol”.

Outro dos assuntos que preocupam os cidadãos é a corrupção e o crescente afastamento em relação aos políticos e suas instituições.

Isso inclui também a própria Monarquia, sobre a qual algumas forças minoritárias pediram nestas últimas semanas um plebiscito para decidir se o povo quer mantê-la ou instaurar uma república.

Esta corrente se viu impulsionada por casos como a investigação ao marido da infanta Cristina – ausente hoje na cerimônia – por um suposto caso de corrupção ou o fato de que o próprio Juan Carlos I teria que pedir desculpas publicamente quando vazou a informação que estava de caçada em Botsuana no pior momento da crise econômica.

“A Monarquia Parlamentar pode e deve continuar prestando um serviço fundamental à Espanha”, proclamou Felipe VI, que goza de apoio popular, segundo as pesquisas, e que destacou como valores “a independência da Coroa, sua neutralidade política e sua vocação integradora perante as diferentes opções ideológicas”, com o objetivo de contribuir para a estabilidade política.

Mas as exigências da Coroa não se esgotam no cumprimento de suas funções constitucionais, admitiu o novo rei, consciente de que “há de buscar a proximidade com os cidadãos, saber ganhar continuamente seu apreço, seu respeito e sua confiança; e para isso, velar pela dignidade da instituição”.

Em política externa, o rei Felipe se mostrou partidário de uma presença “cada vez mais potente e ativa na promoção de nossos interesses”, com uma menção especial aos vínculos culturais e econômicos “crescentes” com região ibero-americana, mas também ao dever de impulsionar a construção europeia e de cuidar das tradicionais boas relações com os países árabes.

E, sabedor de que a Monarquia é um sistema que se baseia na continuidade, teve palavras de elogio para o “impecável” trabalho desenvolvido pelos reis Juan Carlos e Sofía durante quase 39 anos.

Tudo isso para, aos 46 anos, apresentar-se como titular de “uma Monarquia renovada para um tempo novo”, e enfrentar sua tarefa, em suas palavras, “com energia, esperança e espírito aberto e renovador que inspira os homens e mulheres da minha geração”. EFE

jgb/ma

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