Forças ucranianas cercam a rebelde Lugansk, onde já não há nem luz nem água

  • Por Agencia EFE
  • 02/08/2014 09h22

Kiev, 2 ago (EFE).- As forças de segurança da Ucrânia bloquearam completamente a cidade rebelde de Lugansk, onde já não há nem luz, água, ou telefonia celular, informaram neste sábado as autoridades locais.

“Devido ao bloqueio e aos incessantes ataques, a cidade está à beira de uma catástrofe humanitária”, afirmou hoje Sergei Kravchenko, prefeito de Lugansk, capital da região homônima, em comunicado de imprensa emitido pela prefeitura.

Na segunda cidade que é forte dos insurgentes pró-Rússia em importância, após a vizinha Donetsk, “não há provisões, as reservas se esgotaram e não há luz, nem água, nem comunicações, nem internet”.

“Lugansk está completamente bloqueada e isolada. A situação piora dia a dia, mas hoje é simples e ingenuamente crítica”, ressaltou.

Segundo ele também “não há nem gasolina, nem diesel, nem gás”, os trens não saem, e o corredor humanitário anunciado pelos rebeldes não existe, o que torna “deixar a cidade praticamente impossível”.

“Não há como ligar ambulâncias, serviços comuns, equipes de emergência, transporte público, os carros que distribuem alimentos. Inclusive aqueles que estão dispostos a arriscar sua vida e sentar-se ao volante não podem fazê-lo, porque não há com o que encher os depósitos”, denunciou.

Por causa da falta de energia elétrica, os produtos alimentícios armazenados estragaram”, e se tornou quase impossível obter até água engarrafada.

“A variedade de produtos diminui diariamente. As lojas fecham e em muitos estabelecimentos a varejo se formam filas enormes, a demanda disparou”, afirmou.

Acrescentou que “apesar às dificuldades, continua a produção de pão e a cooperativa de carne funciona, mas a empresa leiteira suspendeu a produção devido à falta de queijo”.

Por sua vez, “as contas públicas não funcionam, os bancos estão fechados, na cidade quase não há dinheiro. As pessoas receberam seu salário há um mês pelo menos e em algumas empresas as dívidas superam os dois meses”.

“Quem ficou vive como pode, cura os doentes e feridos, mas não tem meios de subsistência. Sem um centavo também estão os aposentados que não podem adquirir nem os produtos mais básicos”, insistiu.

Kravchenko considerou que “o que ocorre hoje em Lugansk é difícil chamar de operação antiterrorista, já que é uma autêntica guerra que já tirou mais de cem vidas entre a população civil”.

O conflito “destruiu casas e infraestruturas sociais e civis”, inclusive edifícios administrativos, ambulatórios e creches infantis.

O prefeito considera que se conseguir acordar um cessar-fogo, e fosse criado um corredor seguro e as pessoas recebessem garantias de segurança, “não centenas, mas milhares tentariam abandonar a cidade”.

Enquanto isso, dezenas de milhares de pessoas – centenas de milhares, segundo outras fontes – abandonaram já Donetsk, a maioria de trem, rumo à Rússia ou à Crimeia.

Segundo especialistas, em uma tentativa de evitar mais baixas em suas fileiras, Kiev poderia optar por uma guerra de desgaste para derrotar as milícias das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk.EFE

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