GM admite que atuou de forma “inaceitável” ao ocultar defeito

  • Por Agencia EFE
  • 05/06/2014 19h37

Washington, 5 jun (EFE).- A General Motors (GM) disse nesta quinta-feira que atuou de forma “inaceitável”, com “incompetência e negligência”, quando seus funcionários ocultaram durante anos um defeito no sistema de ignição de milhões de seus veículos, razão pela qual demitiu 15 altos executivos.

A executiva-chefe da GM, Mary Barra, acompanhada pelo presidente da companhia, Dan Ammann, e o vice-presidente executivo, Mark Reuss, falou hoje durante horas perante funcionários, meios de comunicação e analistas para divulgar os resultados de um “brutal” relatório sobre as ações da GM.

Barra reconheceu que o relatório encarregado a um ex-procurador-geral é “exaustivo, brutalmente duro e profundamente preocupante”.

“Para aqueles que dedicaram suas vidas a esta companhia, é muito doloroso ver expostas nossas deficiências de forma tão vívida. O relatório me deixou entristecida e muito transtornada”, comentou.

Segundo o relatório de 315 páginas preparado por Anton Valukas após entrevistar 230 funcionários da GM e revisar milhões de documentos, “durante mais de uma década, o pessoal da GM falhou em buscar, compartilhar ou coletar conhecimento, e esse fracasso teve graves consequências”.

“Há múltiplos componentes nestes erros, desde erros individuais à disfunção organizativa passando por sistemas inacessíveis para alguns e impenetráveis para muitos”, afirma o relatório, que acrescentou que a empresa padece de uma cultura de “falta de responsabilidade”.

Barra, que trabalha para a GM desde que tinha 18 anos, mas que a dirige desde 15 de janeiro deste ano, declarou hoje que a empresa aprendeu e que iniciou as medidas para que “a crise” pelo defeito do sistema de ignição “não se repita”.

Para começar, Barra aceitou hoje a responsabilidade da empresa em um defeito que provocou pelo menos 13 mortes na América do Norte, 47 acidentes e a convocação para recall de 2,6 milhões de veículos, o que inicialmente custará US$ 1,3 bilhão à GM.

“Isto nunca deveria haver acontecido. É inaceitável”, disse a conselheira delegada da GM.

O relatório também apontou que não há nenhum indício que os mais altos diretores da General Motors tivessem conhecimento da existência do defeito ou que as mais altas esferas, inclusive Barra, conspirassem para ocultar o problema.

A primeira consequência do relatório, que Valukas entregou a Barra nesta segunda-feira foi a demissão de 15 funcionários e medidas disciplinares contra outros seis envolvidos de uma forma ou outra com o defeito.

Mas, apesar das repetidas perguntas dos meios de comunicação para identificar as pessoas penalizadas, Barra se negou a dar os nomes dos responsáveis e se limitou a dizer que eram pessoas em níveis executivos.

A segunda consequência é o estabelecimento de um programa para indenizar às vítimas dos acidentes relacionados com o defeito.

“Estamos aceitando a responsabilidade pelo que aconteceu tomando medidas para tratar essas vítimas e sua famílias com compensação, decência e justiça”, concluiu Barra. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.