Governo argentino redobra críticas a organizadores de manifestação por Nisman

  • Por Agencia EFE
  • 13/02/2015 12h30

Buenos Aires, 13 fev (EFE).- O governo da Argentina intensificou nesta sexta-feira as críticas contra a manifestação em homenagem ao promotor Alberto Nisman prevista para o próximo dia 18 e sustentou que “dói” que vítimas do atentado contra a associação judaica Amia marchem com narcotraficantes e políticos antissemitas de extrema-direita.

“Se os que estão convocando são traficantes e Cecilia Pando (política de extrema-direita), que deve ter um surto antissemita fenomenal, se os que estão participando são as pessoas de Amia e de Daia, junto de promotores que não fizeram nada para que o processo avançasse, estamos na presença de algo que nos dói e nos preocupa”, disse hoje o secretário-geral de presidência, Aníbal Fernández.

O secretário se referiu assim à manifestação silenciosa convocada por promotores argentinos para a próxima quarta-feira, data na qual completará um mês da morte de Alberto Nisman, à qual anunciaram sua adesão os principais líderes opositores e referentes da Daia (Delegação de Associações Israelitas Argentinas) e da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina).

Nisman, promotor especial do processo que investigava o atentado contra a Amia que deixou 85 mortos em 1994, morreu com um disparo na cabeça em sua casa em 18 de janeiro, em circunstâncias ainda não esclarecidas pelos investigadores.

Quatro dias antes, Nisman tinha acusado a presidente Cristina Kirchner, o chanceler Héctor Timerman e vários dirigentes ligados ao Governo de orquestrar um plano para encobrir os suspeitos iranianos do atentado em 1994.

O Executivo argentino se colocou publicamente contra a convocação depois de manifestarem seu apoio a política ultraconservadora Cecilia Pando – que costuma defender aspectos da última ditadura militar (1976-1983) – e o advogado Andrés Rabinovich, encarregado da defesa de um ex-chefe de polícia acusado de vínculos com narcotraficantes e amigo pessoal do promotor Guillermo Marijuán (um dos principais organizadores da manifestação).

“É preocupante quando muitos dos que convocam uma manifestação são aquelas pessoas que justificam o roubo de bebês da ditadura e advogados de reconhecidos narcotraficantes”, disse hoje o chefe de Gabinete do governo, Jorge Capitanich.

O vice-presidente da Daia, Waldo Wolff, ratificou hoje o apoio à manifestação e apontou que não podem se responsabilizar por todas pessoas que virão, convocados por um valor “tão universal como é a justiça”.

“Daria um abraço em Aníbal Fernández. É como o neném que sempre está provocando e é preciso integrá-lo. Adoraria que viesse e dissesse que vamos ficar longe de Cecilia Pando”, disse Wolff à rádio La Red.

Os promotores organizadores da manifestação rebateram as acusações de que haja um viés opositor na iniciativa e garantiram que se trata de uma convocação para toda a população que não é contra ninguém, mas para lembrar Nisman e expressar solidariedade com sua família e sua equipe de trabalho. EFE

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