Governo israelense impõe novas sanções financeiras a bancos palestinos

  • Por Agencia EFE
  • 16/05/2014 10h15

Jerusalém, 16 mai (EFE).- O governo israelense emitiu uma diretiva que impede os bancos palestinos de fazer depósitos em Israel em moeda local (shekels), o que impedirá a Autoridade Nacional Palestina (ANP) de acessar milhões de dólares em impostos e contribuirá para agravar a crise na Cisjordânia.

Segundo informa nesta sexta-feira o jornal “Haaretz”, é a primeira vez que um Executivo israelense impõe uma sanção deste calibre, incluída no novo pacote de medidas punitivas contra a população palestina após o fracasso da última tentativa de diálogo, promovido pelos Estados Unidos.

“As restrições aos bancos palestinos, rotineiras há décadas, obedecem a uma resolução do Gabinete adotada no último dia 24 de abril, data na qual o partido nacionalista Fatah assinou um acordo de reconciliação com o movimento islamita Hamas”, explica o jornal.

“Entre outras coisas, Israel reterá fundos no valor de 400 milhões de shekels (US$ 116 milhões) em conceito de impostos que cobrou em nome da autoridade palestina”, acrescenta.

Segundo um acordo assinado entre Israel e a ANP, o shekel israelense é moeda de curso legal na Cisjordânia ocupada junto com outras divisas.

Um protocolo assinado em Paris em 1994 permite, além disso, que a autoridade palestina possa converter em divisa estrangeira os shekels que recebe e vice-versa, através de depósitos prévios em bancos israelenses.

De acordo com os números do “Haaretz”, proibir as transações deixaram os bancos palestinos com um excedente bloqueado de 300 milhões de shekels (US$ 90 milhões) em uma conjuntura de recessão e crise.

“Os banqueiros palestinos já advertiram que a decisão israelense sacode a economia palestina em um momento no qual o crescimento se contraiu, e lhes obriga a não aceitar os shekels de seus clientes”, ressalta o jornal.

“Se as sanções se prolongarem muito mais, talvez devam abandonar a moeda israelense como divisa legal e cortar as relações com os bancos israelenses, inclusive o Banco Central”, possibilidade que, segundo o “Haaretz”, também repercutiria de forma negativa e direta em Israel.

“Se os palestinos levam uma queixa ao Banco Mundial ou ao Fundo Monetário Internacional, isto poderia colocar Israel em um difícil situação”, acrescenta.

Além das sanções bancárias, a Corporação Elétrica de Israel começou a reduzir a provisão de energia aos bairros de Jerusalém Oriental e Cisjordânia.

O novo esforço de paz entre palestinos e israelenses começou a fracassar no final de março, depois que o governo israelense decidiu não cumprir seu compromisso prévio de libertar um quarto rodízio de palestinos presos antes dos Acordos de Oslo (1993).

A este descumprimento, os palestinos responderam desbloqueando sua solicitação de adscrição a quinze importantes convênios e organismos internacionais.

Dias depois, a ANP anunciou uma acordo de reconciliação nacional com o Hamas, momento no qual o Executivo israelense considerou quebradas as negociações. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.