Governo japonês aprova legislação que amplia o papel das Forças de Autodefesa

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 16h44

Tóquio, 14 mai (EFE).- O governo japonês aprovou nesta quinta-feira um conjunto de leis destinadas a expandir as atividades das Forças de Autodefesa (Exército) em nível internacional, uma mudança de rumo significativa na política de Defesa do país asiático.

O Gabinete do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, aprovou o conjunto de projetos de lei que dão uma nova interpretação da Constituição pacifista, que desde 1945 limitava as atividades das tropas japonesas à defesa em caso de agressão bélica.

“Durante 70 anos fomos um país pacifista, mas cada vez é mais difícil manter a segurança”, disse Abe ao apresentar em entrevista coletiva a proposta legislativa, cujo objetivo é “contribuir mais ativamente à paz tanto no Japão como no mundo”.

A nova legislação, que terá que ser aprovada pelo parlamento, permitirá ao Japão “usar a força” em caso de agressões a seus aliados ou para resgatar cidadãos japoneses em outros países, mas só poderá fazer isso de forma “extremamente limitada”, precisou o primeiro-ministro do Japão.

Em particular, foram suspensas as restrições geográficas para as operações das forças armadas japonesas, de modo que estas poderão por exemplo comparecer em ajuda de nações aliadas atacadas por terceiros países, um conceito denominado “autodefesa coletiva”.

“A relação entre ambos países é mais forte que nunca”, disse Abe, que acrescentou que a nova legislação permitirá às forças japonesas intervir caso os Estados Unidos “sofram um ataque no mar próximo ao Japão”.

A reforma legal vai em linha com a estratégia de Abe de aumentar o peso do Japão em nível global e pelas mãos dos Estados Unidos, seu principal aliado, que deu o beneplácito a sua aprovação.

Para muitos observadores, também trata-se de uma resposta perante o auge militar da China na região Ásia-Pacífico, um país com o qual Japão mantém disputas territoriais, e para fazer frente ao desenvolvimento de mísseis e do programa nuclear da Coreia do Norte.

No entanto, Abe recalcou que o Japão “nunca se envolverá nas operações bélicas dos Estados Unidos” se não afetarem sua segurança, e afirmou que as Forças de Autodefesa japonesas “não irã a guerras como as do Golfo ou Iraque”.

A legislação foi promovida pelo governo apesar da alta rejeição da população japonesa refletida nas enquetes, devido sobretudo à reinterpretação do caráter pacifista da Carta Magna.

Na última consulta efetuada no mês passado pela agência “Kyodo”, 48,4% dos consultados rejeitaram a proposta legislativa.

Durante os últimos dias, ocorreram várias manifestações diante do escritório de Abe para expressar este descontentamento, que contaram com milhares de pessoas.

Está previsto que a nova legislação seja aprovada definitivamente na Dieta (parlamento) nacional antes do término do atual curso parlamentar no verão (Hemisfério Norte). EFE

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