HRW denuncia ataques indiscriminados da oposição contra civis na Síria

  • Por Agencia EFE
  • 23/03/2015 09h15
  • BlueSky

Beirute, 23 mar (EFE).- Grupos armados da oposição síria atacaram civis de forma indiscriminada em regiões sob controle das autoridades com carros-bomba e tiros, conforme denunciou nesta segunda-feira a organização Human Rights Watch (HRW).

No relatório “Não tinham que morrer: Ataques indiscriminados de grupos da oposição síria”, a ONG destaca que centenas de cidadãos perderam a vida nos ataques, que também danificaram as infraestruturas em áreas controladas pelo governo desde janeiro de 2012.

“Vimos uma corrida em direção ao abismo na Síria, com os grupos rebeldes imitando a crueldade das forças do governo com consequências devastadoras para os civis”, disse o subdiretor da HRW para o Oriente Médio e o Norte da África, Nadim Houry.

Para Houry, “os civis estão pagando o preço, seja em áreas tomadas pelo governo ou pelos rebeldes, com uma resposta internacional inadequada”.

A HRW documentou 17 atentados com carros-bomba e artefatos explosivos em Yaramana, nos arredores de Damasco. Um deles foi no centro da capital; seis nos bairros de Al Zahra e Akrima, na cidade de Homs; e um em sua periferia, na cidade de Zabtieh.

Em muitos desses locais vivem civis de minorias religiosas como cristãos, drusos, xiitas e alauitas (seita seguida do presidente Bashar al Assad), que em algumas ocasiões são percebidos como seguidores do regime.

Os ataques com carros-bomba ocorreram em áreas comerciais e residenciais, no centro de cidades e em um cemitério, durante um funeral. De acordo com o depoimento de testemunhas consultadas pela HRW, não havia alvos militares em nenhum dos lugares atacados.

Dos 25 ataques documentados pela ONG, apenas dez foram reivindicados pela Frente al Nusra – braço sírio da Al Qaeda – e pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Os outros não foram atribuídos a nenhuma organização.

A ONG também ressaltou que os opositores lançaram bombas frequentemente e de forma indiscriminada em Damasco e Homs, o que deixou várias vítimas.

Entre as centenas de ataques em Yaramana, pelo menos seis foram em escolas ou perto de colégios, enquanto quatro atingiram áreas residenciais.

Alguns grupos opositores afirmaram que todos os meios são legítimos para lutar contra o governo de Al Assad e consideram que as pessoas que residem em regiões sob controle das autoridades podem ser atacadas, em represália pelas agressões a civis em áreas em mãos dos opositores.

Segundo a HRW, esses argumentos não têm nenhuma validade sob as leis da guerra, que ambos os lados têm a obrigação de cumprir.

A nota lembra que, em fevereiro de 2014, o Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução que exige que “todas as partes cessem imediatamente os ataques contra civis, assim como o uso indiscriminado de armas em áreas povoadas”.

No entanto, os ataques “ilegais” realizados pelas diferentes partes do conflito ainda continuam na Síria.

De acordo com a HRW, o Conselho de Segurança deveria apresentar o caso da Síria ao Tribunal Penal Internacional e impor um embargo de armas às forças envolvidas em graves abusos “estendidos e sistemáticos”. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.