Inibição de uma proteína favorece reprogramação do envelhecimento, diz estudo

  • Por Agencia EFE
  • 27/07/2015 18h11

Madri, 27 jul (EFE).- Uma equipe internacional liderada por pesquisadores espanhóis constatou que a inibição de uma proteína denominada DOT1L contribui para reprogramar ou rejuvenescer de maneira “muito eficaz” células humanas e de ratos em condições de envelhecimento extremo.

Esta é uma das principais conclusões de um estudo publicado pela revista “Nature Cell Biology”, assinado por pesquisadores das universidades espanholas de Oviedo e Barcelona, além da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e do Instituto Josep Carreras (Espanha).

O envelhecimento em mamíferos vem acompanhado de uma perda de plasticidade nas células, o que faz com que, por exemplo, estas tenham menor capacidade para se renovar.

Por isso, os pesquisadores se concentraram em estudar a eficiência dos processos de reprogramação celular, o que permite transformar células adultas em células-tronco induzidas capazes de gerar qualquer tipo celular do organismo e ver se, com isso, eram capazes de devolver essa plasticidade a células com envelhecimento extremo.

Os pesquisadores constataram que a reprogramação de células de pacientes com envelhecimento acelerado (com doenças como as de Hutchinson-Gilford e Néstor-Guillermo) e de indivíduos de idade avançada é “muito ineficiente ou impossível”, relatou à Agência Efe Fernando G. Osorio, da Universidade de Oviedo e um dos autores do trabalho.

No entanto, esta reprogramação e a consequente devolução de plasticidade às células em indivíduos jovens é sim eficaz.

Com isso, os pesquisadores decidiram estudar as causas moleculares destas diferenças.

Assim, observaram que as células procedentes de pacientes de idade avançada apresentavam uma hiperatividade nos processos inflamatórios celulares (a inflamação é positiva, por exemplo, para o desenvolvimento celular e a cicatrização de ferimentos, mas se há excesso de estimulação, é prejudicial, como se mostrou neste caso).

Para tratar essa hiperatividade inflamatória podem ser utilizados anti-inflamatórios: “surpreendentemente, o tratamento com anti-inflamatórios aumentou a eficiência da reprogramação celular até níveis comparáveis aos das células procedentes de indivíduos jovens”, relatou José María Pérez Freije, codiretor, junto com Carlos López-Otín, da pesquisa.

Porém, os anti-inflamatórios, se forem administrados de maneira crônica, têm efeitos secundários, por isso os cientistas decidiram, pensando em um futuro tratamento clínico, buscar uma alternativa para combater essa hiperatividade inflamatória celular.

Isso os levou a identificar a proteína DOT1L, que age de maneira natural como barreira frente à reprogramação celular e se encontra alterada em algumas leucemias.

Esta proteína tem a capacidade de regular vários genes envolvidos no processo de reprogramação celular e bloqueia a formação de células-tronco induzidas. Além disso, por também estar vinculada à leucemia, já existem inibidores contra ela.

Após administrar inibidores de DOT1L de maneira crônica a células humanas e de ratos com envelhecimento acelerado, os pesquisadores observaram uma “melhoria extraordinária de todos os sintomas associados ao envelhecimento e um aumento de 65% da esperança de vida em ratos envelhecidos prematuramente”, segundo Clara Soria-Vales, uma das cientistas que participou do trabalho.

Para López-Otín, esta pesquisa “demonstra a importância do estudo dos mecanismos envolvidos na perda de plasticidade celular que acompanha o envelhecimento para identificar novos alvos terapêuticos, que permitam intervir sobre este processo natural”, segundo publicou a Universidade de Oviedo em comunicado. EFE

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