Jihadistas do EI são responsáveis por crimes de guerra, diz ONU

  • Por Agencia EFE
  • 14/11/2014 14h19

Genebra, 14 nov (EFE). – A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou nesta sexta-feira que o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) foi classificado como realizador de crimes de guerra e contra a humanidade, com diversos atos para o extermínio de minorias étnicas, técnicas para aterrorizar civis, violência sexual contra mulheres e recrutamento e doutrinamento de crianças.

Os crimes foram relatados pela comissão que investiga violações dos direitos humanos no conflito armado da Síria, que reuniu pela primeira vez as evidências da situação dos civis nos territórios onde o grupo terrorista atua.

Trata-se de um relatório que poderia ser a base para um eventual julgamento dos responsáveis pela justiça internacional e que se fundamenta em mais de 300 entrevistas com homens, mulheres e crianças que vivem ou viveram em áreas controladas do EI.

Presidida pelo diplomata brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, a comissão destacou os crimes atrozes dos jihadistas e alerta que “sua capacidade militar aumentou”, com uma mobilização mais rápida e uma potência de fogo maior do que lhes permite surpreender seus oponentes e garantir a superioridade.

Nas regiões nas quais impôs sua autoridade, as detenções arbitrárias, torturas, execuções, castigos corporais públicos – incluindo mutilações – e outros tipos de abusos são diários, segundo a comissão.

“O Estado Islâmico realiza amputações e dá chicotadas nas pessoas em espaços públicos. Aos homens amputa as mãos por supostos roubos e os dedos por fumar. Homens também podem ser submetidos a chicotadas por estarem acompanhados de uma mulher que o EI não considera vestida apropriadamente”.

A partir das entrevistas que os membros da comissão da ONU realizaram, foi possível saber também que “sempre” há cabeças e corpos exibidos em praças como forma de advertência para o resto da população.

A comissão da ONU para a Síria possui ainda a participação da americana Karen Abu Zayd, da suíça Carla del Ponte e do tailandês Vitit Muntarbhorn, e considera que “submeter às pessoas a mutilações, desfigurá-las permanentemente ou deixá-las incapacitadas, tirando alguma extremidade, são casos de crimes de guerra”.

No caso das minorias étnicas, o Estado Islâmico atacou yazidis e curdos, que tradicionalmente viveram no norte da Síria e os obrigou a sair da região.

“Como consequência das ações do Estado Islâmico, que vão contra as normas internacionais humanitárias e constituem crime de guerra por deslocamento de civis, a demografia do nordeste da Síria foi alterada”, assinalaram os especialistas. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.