Jornal afirma que EUA investigam altos funcionários venezuelanos por tráfico
Nova York, 18 mai (EFE).- A justiça americana há anos investiga altos funcionários da Venezuela por suspeitar que transformaram o país sul-americano em um centro global de tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro, publicou nesta segunda-feira o “Wall Street Journal”.
Entre os funcionários venezuelanos que estão sendo investigados está o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o governista Diosdado Cabello, apontaram diferentes fontes anônimas consultadas pelo jornal nova-iorquino.
“Há grandes provas para justificar que (Cabello) não é só um dos chefes, mas o chefe do cartel”, afirmaram fontes do Departamento de Justiça, que acrescentaram que o presidente da Assembleia Nacional venezuelana é “o principal alvo da investigação”.
A Agência Americana Antidrogas (DEA) e as procuradorias federais em Nova York e em Miami fazem parte da investigação, baseada em provas oferecidas por ex-traficantes de drogas e desertores do exército venezuelano, segundo o jornal.
Os promotores não apontam o presidente do país, Nicolás Maduro, mas funcionários e oficiais militares venezuelanos como líderes de fato de quadrilhas internacionais que usam a Venezuela como ponto de partida para os envios de cocaína aos EUA e à Europa.
O jornal citou também um funcionário americano que declarou que a reação das autoridades venezuelanas, caso realmente sejam apresentadas acusações formais, seria “sísmica”.
A grave crise econômica que a Venezuela vive há alguns anos facilitou aos serviços de inteligência americanos o recrutamento de informantes, segundo um dos promotores envolvidos nas investigações.
Um desses informantes, que trabalhou durante anos para a Guarda Nacional e que teve que fugir do país ano passado, garantiu que a participação de altos oficiais do governo no tráfico de drogas “é muito clara”.
“Todo mundo se sente pressionado e antes ou depois todos terminam se rendendo ao narcotráfico”, acrescentou o informante.
Os investigadores também obtiveram provas a partir dos testemunhos de traficantes nos tribunais na Flórida que optaram por colaborar com as autoridades em troca de redução das penas, como o colombiano Roberto Méndez Hurtado.
Segundo pessoas familiarizadas com seu caso, Méndez Hurtado entrou com cocaína na Venezuela, teve encontros com altos funcionários do país, e por isso a droga era transferida de barco ou avião para ilhas do Caribe antes de alcançar a costa dos Estados Unidos.
Por outro lado, as autoridades estão reunindo dados sobre banqueiros que manejam as finanças de altos funcionários venezuelanos, e segundo o “Wall Street Journal” até o momento foram revogados os vistos de mais de uma centena de financeiros.
“Alguns passaram a cooperar com os investigadores para poder voltar a entrar nos Estados Unidos”, indicou o jornal, que detalhou que a lista de pessoas envolvidas ainda é confidencial.EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.