Julgamento por massacre que causou destituição de Lugo é retomado pela 6ª vez
Assunção, 26 ago (EFE).- Após cinco interrupções desde julho, foi retomado nesta quarta-feira, no Paraguai, o julgamento de 13 camponeses pelo massacre de Curuguaty, no qual morreram seis policiais e 11 camponeses em um enfrentamento em 2012 e que provocou, uma semana depois, a destituição do presidente Fernando Lugo.
A audiência realizada no Palácio de Justiça de Assunção começou na manhã desta quarta-feira e foram convocados ativistas e políticos paraguaios e de outros países para observar o desenvolvimento do processo.
A defesa começou pedindo que o julgamento fosse realizado em idioma guarani, língua oficial junto ao castelhano no Paraguai. O pedido foi concedido.
No ato seguinte, o advogado Víctor Azuaga solicitou a suspensão do processo, pois garantiu que o Poder Judiciário não justificou adequadamente a confirmação dos juízes encarregados do caso, que tinham sido recusados pela defesa.
Além disso, Lucía Aguayo, uma das acusadas, pediu para mudar de advogado, passando o caso para Azuaga, junto ao resto, o que foi aceito pelos juízes.
A defesa também exigiu ao Tribunal a mudança da sala de audiências e pediu que a Polícia Nacional saísse da sala, ou pelo menos dos assentos destinados para o público e para as famílias, por “sua relação com o caso”, questão que foi rejeitada pelos juízes.
O processo judicial pelo massacre de Curuguaty envolve 12 pessoas com a morte de seis policiais, ocorrida durante um violento despejo em junho de 2012 das terras que camponeses tinham ocupado para solicitar que fizessem parte da reforma agrária.
O massacre, cujo começo nunca foi esclarecido, desembocou uma semana depois em um julgamento político contra o então presidente Fernando Lugo no parlamento, que foi destituído por mau desempenho de suas funções.
Enquanto isso, os camponeses são acusados de invasão de imóvel alheio, tentativa de homicídio e associação criminosa. A Promotoria não investigou e nem acusou ninguém pela morte dos 11 camponeses no tiroteio.
O terreno conhecido como Marina Kue, onde aconteceu o massacre, tem 2 mil hectares de terras em disputa, há uma década, entre o Estado e a família do falecido Blas Riquelme, um histórico dirigente do governante Partido Colorado durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). EFE
sct/ff
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