Justiça ratifica promotor que retomou denúncia de Nisman contra Cristina
Buenos Aires, 9 abr (EFE).- A Câmara Federal da Argentina desconsiderou nesta quinta-feira um pedido de rejeição ao promotor Germán Moldes, que assumiu o caso pela denúncia impulsionada pelo falecido Alberto Nisman contra a presidente Cristina Kirchner por suposto acobertamento de terroristas.
A primeira sala desse tribunal de apelações não aceitou uma apresentação realizada pela defesa do chanceler argentino, Héctor Timerman, que tinha solicitado o afastamento de Moldes do caso, segundo informou o Centro de Informação Judicial.
Moldes pediu que não se feche a causa pela denúncia apresentada por Nisman, morto com um tiro na cabeça em sua casa, quatro dias após acusar Cristina e vários de seus colaboradores, entre eles Timerman, de acobertar os suspeitos iranianos de atentar contra a associação mutual judaica Amia em 1994.
Esta é a segunda vez que esse tribunal ratifica a atuação de Moldes no caso, já que no mês passado já havia rejeitado outro pedido de rejeição contra o procurador.
Os advogados que representam o chanceler argentino, tinham pedido que Moldes fosse afastado porque, em sua opinião, o promotor tinha perdido “objetividade”.
A solicitação se baseou em declarações de Moldes a meios de comunicação locais nas quais antecipou que entraria com uma apelação contra uma decisão da Câmara Federal que desprezava a denúncia de Nisman, apresentando um recurso perante a Câmara de Cassação Penal, mas quando não estivesse no turno um promotor ligado ao governo.
Ao argumentar sua decisão de hoje, dois dos três integrantes do tribunal, Eduardo Freiler e Jorge Ballestero, afirmaram que a conduta de Moldes “embora questionável, não é suficiente para sustentar a perda de objetividade alegada” pela defesa de Timerman.
No entanto, os magistrados manifestaram que lhes “entristece” o debate na imprensa de questões que “são relativas ao seio” do Ministério Público Fiscal e consideraram que as manifestações de Moldes “tingem de suspeita a atuação de membros desse organismo”.
Por sua parte, o terceiro integrante do tribunal, Eduardo Farah, sustentou que o “temor de perda de objetividade” está “desprovido de sustento” e afirmou que a atuação de Moldes “está longe de evidenciar uma atuação acirrada com a neutralidade ou impessoalidade”.
Timerman e Cristina foram acusados no último dia 14 de janeiro por Alberto Nisman, o promotor especial encarregado de investigar o atentado contra a Amia ocorrido em 1994 e no qual morreram 85 pessoas.
A presidente e o chanceler foram apontados no processo como os supostos responsáveis de orquestrar um plano para perdoar os suspeitos iranianos de provocar o ataque. EFE
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