Kerry acusa Rússia de querer alterar segurança em todo leste da Europa

  • Por Agencia EFE
  • 29/04/2014 17h17

Washington, 29 abr (EFE).- O secretário de Estado de EUA, John Kerry, acusou nesta terça-feira a Rússia de querer alterar a segurança nos países do leste da Europa e, por isso, pediu unidade à Otan para lutar contra aqueles de desejam redesenhar as fronteiras com uso da força.

“Mediante a ocupação da Crimeia e a subsequente desestabilização da Ucrânia, a Rússia quer alterar o panorama de segurança do centro e do leste da Europa”, declarou hoje Kerry em uma conferência transatlântica que rememora o 65º aniversário da criação da Otan.

O chefe da diplomacia americana assegurou que a crise na Ucrânia representa “um chamado de atenção” e marca um “momento definitivo” para a aliança transatlântica, já que, segundo ele, a Otan tem que estar disposta a fazer “o que for preciso” para defender a aliança.

“A crise na Ucrânia requer que nos centremos no papel para o qual originalmente esta aliança foi criada, o de defender o território da aliança e impulsionar a segurança transatlântica”, afirmou Kerry.

De acordo com o secretário de Estado americano, após o final da Guerra Fria, a comunidade euro-atlântica iniciou um “sério” diálogo bilateral com Moscou, convidando a Rússia para integrar diversas organizações, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Conselho Otan-Rússia.

No entanto, segundo Kerry, a crise na Ucrânia demonstrou que a Rússia do presidente Vladimir Putin “joga com outras regras”.

“Nos encontramos em um momento definitivo de nossa aliança transatlântica e que ninguém duvide de que “estamos prontos para fazer o que for preciso (…) para defender essa aliança”, afirmou Kerry, que lembrou as autoridades russas que “o território da Otan é inviolável”. “Defenderemos cada peça dele”, alertou.

Segundo o diplomático, quanto mais a Rússia não respeitar os acordos alcançados neste mês em Genebra para reduzir a tensão na Ucrânia, mais a situação irá se agravar, afirmação que justifica a nova rodada de sanções anunciadas pela Casa Branca contra indivíduos e empresas russas.

“Estão fazendo tudo o que podem para impedir a realização de eleições livres e justas no próximo 25 de maio na Ucrânia”, insistiu Kerry.

“Dizem que o leste da Ucrânia é demais violento demais para que os observadores da OSCE (Organização Internacional para a segurança e Cooperação na Europa) estejam ali, mas, quando se trata dos separatistas armados pró-russos (…), não fazem nada para impedir”, afirmou.

Além disso, Kerry lamentou que Moscou tivesse permitido que os observadores da OSCE fossem mostrados na presença de guardas armados no último domingo, quando o autoproclamado líder rebelde pró-russo da cidade ucraniana de Slovyansk, Vyacheslav Ponomaryov, apareceu em entrevista coletiva com sete inspetores ocidentais, todos detidos na última sexta-feira.

Os inspetores são membros dos exércitos de seus países (Alemanha, Polônia, Dinamarca, Suécia e República Tcheca) e integram um grupo de observação que chegou à Ucrânia como parte de um acordo no marco da OSCE conhecido como Documento de Viena.

Neste aspecto, a incumbência do grupo é estabelecer pautas para a troca de informação militar e a realização de inspeções. EFE

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