Kerry chega ao Afeganistão para se reunir com candidatos presidenciais

Washington, 10 jul (EFE).- O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, chegou nesta quinta-feira a Cabul em uma visita sem anúncio prévio para mediar a crise do Afeganistão reunindo-se com os dois candidatos presidenciais e com o atual líder afegão, Hamid Karzai.

“O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, chegou hoje a Cabul para se reunir com líderes afegãos incluindo os candidatos presidenciais Abdullah Abdullah e Ashraf Gani, e o presidente Hamid Karzai”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, em comunicado.

A transição no Afeganistão ficou no ar depois que Abdullah rejeitou na segunda-feira passada entre acusações de “fraude” os resultados preliminares do pleito presidencial que colocavam Gani à frente da apuração.

“O secretário de Estado conversará sobre a transição política e reforçará a mensagem do presidente (americano, Barack Obama) que esperamos uma revisão completa de todas as acusações razoáveis de fraude e que não aceitaremos nenhuma medida extraconstitucional”, ressaltou Psaki.

Tanto Obama como Kerry advertiram ao Afeganistão que suspenderão a ajuda financeira e de segurança dos EUA a esse país se for determinado que o ganhador nas eleições presidenciais conquistou o resultado de forma ilegítima.

“Embora os Estados Unidos não apoiem nenhum candidato individual, respaldamos um processo crível, transparente e inclusivo que afirme o compromisso do povo afegão com a democracia, e que resulte em um presidente que possa unir o Afeganistão e governar de forma eficaz”, destacou Psaki.

Kerry chegou a Cabul procedente de Pequim, onde participou de um diálogo estratégico de dois dias entre EUA e China, e sua visita não estava programada nem foi confirmada até agora pelo Departamento de Estado, mas vários meios de comunicação afegãos e o próprio Abdullah já tinham antecipado que o americano viajaria ao país.

De fato, o embaixador americano em Cabul, James Cunningham, se reuniu hoje com Abdullah e Gani para preparar a visita de Kerry.

As equipes de campanha de Abdullah e Gani, que se enfrentaram no segundo turno das eleições de 14 de junho, ressaltaram que o papel de Kerry nas negociações para achar uma saída pacífica à crise será simplesmente de “assessor”.

É previsível que Kerry tente também carimbar o apoio de ambos candidatos ao acordo bilateral de segurança entre EUA e Afeganistão para o pós-guerra, que Karzai se negou a assinar, mas que em princípio conta com o respaldo dos dois aspirantes presidenciais.

A força da Otan no Afeganistão (Isaf) concluirá sua missão nesse país no final deste ano, mas os EUA anunciaram que manterão 9.800 soldados no país até completar sua saída total no final de 2016, um objetivo para o qual necessita o sinal verde afegão ao acordo de segurança. EFE