Macedônios pedem renúncia do primeiro-ministro por supostas escutas ilegais
Skopje, 17 mai (EFE).- Milhares de macedônios saíram às ruas neste domingo em Skopje para pedir a renúncia do primeiro-ministro, Nikola Gruevski, em uma manifestação convocada pela oposição social-democrata que o acusa de ter organizado uma ampla operação de escutas telefônicas em políticos, juízes e na imprensa.
Cerca de dez mil pessoas participaram do protesto, número significativo em um país de apenas dois milhões de habitantes e que o partido social-democrata costuma reunir em todas as manifestações desde que Gruevski chegou ao poder em 2006.
Cidadãos de todo o país se concentraram na avenida principal que dá acesso à sede do governo, em um mar de bandeiras nacionais e aos gritos de “Gruevski, renuncie!”.
O líder da oposição social-democrata, Zoran Zaev, que convocou o protesto, afirmou que muitos manifestantes, a maioria jovens, estão dispostos a montar um acampamento em frente à sede do governo até que Gruevski apresente a renúncia e seja formado um governo de transição.
O protesto não contou com o apoio de outras legendas da oposição, como o Partido Democrata dos Albaneses (DPA), nem outros representantes de movimentos civis albaneses, que compõem 25% da população.
O membro da coalizão dos conservadores do VMRO-DPMNE de Gruevski, a União Democrática para a Integração (BDI), informou neste domingo que não deixará o governo e que continuará a apoiar o primeiro-ministro em busca de uma solução para a crise política.
O próprio Gruevski ressaltou que não tem a intenção de renunciar e seu partido pediu aos cidadãos que apoiem o governo amanhã em uma grande manifestação.
Nos últimos três meses, Zaev vazou para a imprensa um suposto esquema de escutas telefônicas contra pelo menos 20 mil pessoas, incluindos políticos, jornalistas e líderes religiosos, campanha que atribui ao próprio Gruevski e a parte de sua equipe, e cujo objetivo seria garantir o controle sobre estes círculos e com a possibilidade de chatageá-los.
Gruevski alega que as escutas foram feitas por serviços secretos estrangeiros, e diz que o material vazado pela imprensa e as vozes escutadas nas conversas telefônicas foram manipulados.
A crise de governo na Macedônia gerada por este escândalo levou à renúncia de dois ministros e do chefe dos serviços secretos do país nesta semana.
Nas cartas enviadas ao primeiro-ministro ao apresentarem as renúncias, os três, envolvidos em acusações de suborno, disseram que a decisão correspondia à vontade de diminuir a tensão política e contribuir para o trabalho da Justiça, que investiga as escutas.
A promotoria apresentou acusações contra o líder da oposição social-democrata, ao qual acusa de “violência contra os mais altos funcionários do Estado”, depois que Gruevski denunciou que Zaev ameaçou divulgar as escutas telefônicas caso o primeiro-ministro não renunciasse.
O partido social-democrata boicota as atividades do parlamento macedônio desde as eleições, há um ano, por considerar que houve fraude, o que os observadores internacionais não confirmaram até então. EFE
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