Mais de 2 milhões de muçulmanos iniciam peregrinação com dia de reflexão

  • Por Agencia EFE
  • 22/09/2015 19h39

Suleiman al-Assad

Riad, 22 set (EFE).- Cerca de dois milhões e meio de peregrinos muçulmanos procedentes de todo o mundo começaram nesta terça-feira a peregrinação ou “hajj” à cidade santa saudita de Meca com o dia da “Al Taruia” (revelação), dedicado à reflexão.

Os peregrinos, vestidos com um traje branco sem costuras, chegaram nas últimas horas à zona de Mina, cerca de dez quilômetros ao leste de Meca, para este dia de meditação e reza.

Depois, entre a madrugada de quarta-feira e o meio-dia, eles subirão ao Monte Arafat para realizar o principal rito da peregrinação, no lugar onde a tradição muçulmana relata que o profeta Maomé pronunciou seu último sermão há 14 séculos.

Ali, os peregrinos permanecerão até a pôr-do-sol antes de se dirigir à cidade vizinha de Muzdalifah, onde passarão a noite.

Em Muzdalifah, recolherão calhaus para apedrejar três colunas que simbolizam as tentações do diabo durante o terceiro dia da peregrinação, na quinta-feira.

Depois, na Grande Mesquita de Meca terão que se voltar para “Caaba” para realizar as preces diárias, onde se encontra a pedra negra que os muçulmanos consideram um pedaço do paraíso.

O “hajj” deste ano começou marcado pela tragédia ocorrida no último dia 11, quando 107 pessoas morreram e 238 ficaram feridas após a queda de um guindaste no interior da Grande Mesquita de Meca, onde finalizam os ritos deste pilar do islã.

Até a noite do domingo passado tinham morrido 322 peregrinos em Meca, segundo anunciaram as autoridades sauditas, que não precisaram se entre essas vítimas mortais havia fiéis que ficaram feridos no acidente do guindaste.

À parte do perigo dos grupos terroristas que atuam na Arábia Saudita e nos países da região, a peregrinação deste ano está manchada pelo conflito no vizinho meridional, o Iêmen.

Riad lidera a coalizão árabe que respalda militarmente o presidente iemenita, Abdo Rabbo Mansour Hadi, e suas milícias na luta contra o movimento rebelde xiita dos houthis, que ocuparam Sana em setembro de 2014, por isso que o líder se viu obrigado a se exilar em Riad durante seis meses até sua volta hoje.

O Ministério saudita do Interior advertiu que conta com planos severos para impedir que qualquer grupo (de peregrinos) tente tirar proveito político do “hajj” para realizar manifestações.

Por outro lado, o Sindicato de Transportes de Meca explicou que dispôs de um total de 17.833 ônibus, e outros 500 como reserva, para transferir os peregrinos aos lugares dos ritos.

Além disso, os fiéis contarão com trens que podem transferir cerca de 370 mil devotos procedentes de outras zonas do país e de outras partes do Golfo Pérsico, o Sul da Ásia, Turquia e Europa.

O bilhete de transporte para todos os dias do “hajj” custa cerca de 250 riales sauditas, equivalentes a US$ 66, informou o chefe do comitê de arrecadação de bilhetes, Farid al Gamedi, que acrescentou que neste ano foram impressos em diferentes cores para evitar falsificação.

Por outro lado, o diretor da Polícia de Meca, general Abdelaziz al Suli, indicou que as forças de segurança devolveram a suas zonas de residência cerca de 124 mil pessoas que tentaram entrar irregularmente na cidade e zonas onde eram feitos os ritos.

Alguns deles tentaram inclusive ingressar vestidos de mulheres.

Além disso, Al Suli revelou que a polícia interceptou mais de 36 mil veículos não autorizados a entrar nas áreas dedicadas ao “hajj”.

Uma vez cumpridos os rituais, os fiéis cortarão o cabelo e as unhas e degolarão um cordeiro nesta quinta-feira marcando o começo da Festa do Sacrifício (Eid al-Adha), principal festividade do islã.

Com este ritual, os muçulmanos lembram o sacrifício de Ibrahim (Abraham), que por amor a Alá ofereceu, segundo a tradição muçulmana, a vida de seu filho primogênito Ismael.

Nos três dias que seguem à citada festa, os peregrinos deverão cumprir a segunda fase do apedrejamento do diabo em Mina e se voltar sete vezes à “Caaba” como despedida.

A peregrinação a Meca é um dos cinco pilares do islã, junto à “shahada” (profissão de fé), a esmola, a oração e o jejum no mês do Ramadã. EFE

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