Manifestantes convocam protestos nas ruas do Burundi

  • Por Agencia EFE
  • 16/05/2015 12h01
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Bujumbura, 16 mai (EFE).- Os organizadores das manifestações das últimas semanas contra o presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, convocaram protestos nas ruas do país para que o líder desista de se candidatar a um terceiro mandato, excedendo os termos previstos na Constituição.

“Enquanto Nkurunziza não desistir de concorrer a um terceiro mandato, não pense que os burundineses permitirão”, anunciou Pacifique Nininahazwe, presidente do Fórum pela Consciência e pelo Desenvolvimento (Focode), um dos organizadores dos protestos iniciados no fim de abril.

Nininahazwe explicou que o golpe de Estado anunciado na quarta-feira passada por uma facção do exército, que fracassou após a prisão dos principais líderes, foi bem recebido pelos burundineses em um momento de grandes protestos nas ruas.

“Sempre defendemos o princípio que, na democracia, os golpes de Estado não são bem-vindos, mas percebemos que os burundineses tinham recebido favoravelmente o golpe de Estado, que chegou como salvação contra as agressões violentas aos manifestantes”, declarou à emissora local “Isanganiro”.

Só foram registrados protestos em alguns pontos da capital neste sábado, como em Nyakabiga, onde os manifestantes levantaram barricadas e incendiaram pneus.

No resto da cidade, a tranquilidade aos poucos volta ao normal, o que permitiu a reabertura dos bancos após dois dias de portas fechadas, assim como as lojas do centro, e o trânsito voltou a funcionar, segundo constatou a Agência Efe.

No entanto, a maior parte dos veículos de comunicação foram atacados e obrigados a fechar pelas forças governamentais, o que deixou a maior parte da população, que tem a rádio como principal fonte de informação, sem notícias sobre a situação no país.

O presidente do Burundi voltou ontem à capital após permanecer fora do país desde a tentativa golpista, que aconteceu quando Nkurunziza participava de uma cúpula com outros líderes regionais na Tanzânia.

Ao retornar, o líder alertou neste sábado que “não haverá piedade para os inimigos da democracia” e convocou os burundineses para as eleições de junho.

No dia 25 de abril, o partido governante, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia (CNDD-FDD), anunciou que Nkurunziza se candidataria às eleições presidenciais de junho para um terceiro mandato, apesar de a Constituição limitar a permanência no poder a dois períodos de cincos anos.

A decisão de manter a candidatura desencadeou uma onda de violentos protestos, nos quais morreram pelo menos 20 civis e 12 soldados golpistas. A situação fez com que mais de cem mil burundineses abandonassem o país. EFE

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