Manifestantes fecham Transamazônica em protesto contra represa de Belo Monte

  • Por Agencia EFE
  • 27/05/2014 15h15

Rio de Janeiro, 27 mai (EFE).- Cerca de 350 manifestantes que se opõem à construção da hidrelétrica de Belo Monte bloquearam nesta terça-feira a passagem pela principal estrada da Amazônia para protestar contra a polêmica represa erguida no meio da floresta.

Os manifestantes, que dizem pertencer a grupos desabrigados pela obra, afirmaram à Agência Efe que manterão o bloqueio da Transamazônica até que os responsáveis pela construção iniciem várias obras de compensação aos impactos, com que haviam se comprometido e que ainda não executaram.

“Muitos de nossos direitos estão sendo negados pela prepotência e pela omissão da Norte Energia, dona da represa”, afirmou o chamado Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em comunicado.

A manifestação se soma ao bloqueio a um dos acessos às obras de Belo Monte que um grupo de índios mantém há cinco dias, que também protesta por compromissos supostamente não cumpridos pela Norte Energia.

“Nos unimos à luta justa (contra a hidrelétrica) dos índios da região de Xingu e consideramos que sua causa é a nossa”, diz o comunicado do movimento.

Os manifestantes exigem que a Norte Energia construa casas de “qualidade” para as pessoas que precisaram abandonar seus lares e que ofereçam serviços públicos, escolas, postos de saúde e zonas comerciais nos locais em que está realocando os desabrigados.

Outra exigência é que a empresa elétrica inclua em suas listas de beneficiados dezenas de famílias que viviam na região e que ainda não foram reconhecidas como deslocadas pela hidrelétrica.

Outra reivindicação é o pagamento de indenizações às pessoas que perderam temporariamente seu meio de sustento como consequência das obras, como pescadores e mototaxistas.

Belo Monte, que será a terceira maior hidrelétrica do mundo, começou a ser construída em março de 2011 na cidade de Altamira (PA), apesar da resistência dos índios, agricultores, pescadores e ecologistas, que estão preocupados com o impacto do projeto na Amazônia.

A obra exigiu o deslocamento de entre 16 mil e 25 mil pessoas, segundo diversos cálculos.

A construção da obra foi interrompida várias vezes por determinações judiciais, greves dos operários e manifestações dos desabrigados.

Belo Monte, erguida sobre o rio Xingu e que inundará 506 quilômetros quadrados de floresta, terá capacidade de geração média de 4.571 megawatts por hora e alcançará um teto de 11.233 megawatts nas épocas de cheia do rio.

O projeto exigirá investimentos de cerca de US$ 10,6 bilhões, segundo cálculos do governo. EFE

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