Merkel apoia termo “genocídio” armênio, mas teme reação da Turquia

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2015 16h32

Berlim, 21 abr (EFE).- A chanceler alemã, Angela Merkel, apoia um projeto de resolução que aplica o termo “genocídio” ao massacre dos armênios durante o Império Otomano, embora tenha advertido que isso pode prejudicar o processo de reconciliação entre Turquia e Armênia.

Segundo fontes de seu grupo parlamentar, a chefe do governo e líder da União Democrata-Cristã (CDU) fez estes comentários em reunião preparatória do plenário do Bundestag (câmara baixa) da sexta-feira, na qual essa questão será abordada.

Merkel argumentou perante os parlamentares que, em algumas ocasiões, a pressão exterior pode ser contraproducente e levar a um endurecimento das posições entre duas partes enfrentadas.

Até agora, o governo alemão não quis usar o termo genocídio para os massacres do povo armênio, que agora completarão cem anos.

Entre 1915 e 1916, sob o Império otomano, os turcos deportaram ao Iraque e Síria cerca de 1,8 milhão de armênios, operação na qual estima-se que morreram cerca de 1,5 milhão de pessoas

A CDU e a União Democrata-Cristã (CSU) pactuaram ontem com o co-governamental Partido Social-Democrata (SPD) apresentar uma resolução conjunta perante o parlamento, em que se referiam a esses massacres em termos de genocídio.

Na véspera dessa sessão, o presidente do país, Joachim Gauck, discursará em um ato na catedral de Berlim, convocado pelas Igrejas católica e evangélica, para lembrar o que qualificam explicitamente de “genocídio contra armênios, assírios e grego-pônticos”.

Dias atrás, o governo de Merkel recusou comentar a declaração do papa Francisco, qualificando esses massacres de “primeiro genocídio do século XX”, e usou a resolução de 2005 do parlamento, em que se falava de “massacre” e “expulsão”.

A cautela de Berlim com relação à Turquia se relaciona tanto com a responsabilidade a respeito do genocídio judeu cometido pelos nazistas como com o fato de que na Alemanha vivem mais de três milhões de cidadãos de origem turca, a primeira comunidade de origem imigrante do país. EFE

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