Merkel: “Dissemos a Cameron que levaremos em conta suas inquietações”
Bruxelas, 27 jun (EFE).- A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse nesta sexta-feira que os líderes da União Europeia (UE) prometeram ao primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que “levarão em conta” suas inquietações e que pode haver diferentes ritmos na integração europeia.
Os chefes de Estado e de Governo da UE, que indicaram formalmente o luxemburguês Jean-Claude Juncker para presidir a Comissão Europeia (CE, órgão executivo do bloco), acertaram que vão prosseguir com o processo de designação, depois que os 28 dirigentes europeus não conseguiram tomar essa decisão de forma unânime.
Reino Unido e Hungria votaram contra propor ao Parlamento Europeu (PE, Legislativo) o nome do ex-presidente do Eurogrupo e ex-primeiro- ministro de Luxemburgo para a CE.
Em entrevista coletiva após a cúpula, Merkel destacou a “experiência europeia” de Juncker e assegurou que este “levará em conta os desejos dos diferentes Estados-membros e do Parlamento”, como ele mesmo reiterou aos chefes de Estado e de Governo.
“Todo o debate (em torno de quem deve ser presidente da CE) nos levou a decidir não só por uma pessoa, mas também a acertar uma agenda estratégica para os próximos cinco anos que representa a base para trabalhar junto com o PE nos grandes trabalhos pendentes na Europa”, assinalou.
Esta se centrará na estabilidade das finanças, do crescimento, do emprego, da inovação e da redução da burocracia, entre outros elementos, disse a chanceler.
Nas conclusões aprovadas hoje pelos líderes do bloco, foram incluídos elementos que “importavam particularmente a David Cameron”, quanto à evolução futura da UE.
Assim, deixaram claro que o conceito de “uma União cada vez mais estreita” contido no Tratado da UE “não significa que todos tenham que avançar no mesmo ritmo, mas pode haver diferenças”, disse Merkel, para quem era importante manter o Reino Unido na UE e que compartilha parte de suas reivindicações em relação a que a Europa deve ser menos burocrática e mais eficaz.
Segundo sua opinião, “ninguém pode entender” por exemplo que meio ano depois de se acertar no orçamento plurianual da UE uma verba de 6 bilhões de euros para lutar contra o desemprego juvenil “não se tenha gasto nem um só euro”.
“Os líderes acertaram levar em conta as preocupações do Reino Unido também no que se refere a alguns desenvolvimentos do bloco e que vamos abordar o processo inteiro da nomeação do presidente da CE, considerando o Tratado, uma vez tenha sido escolhida a nova Comissão”, especificou Merkel.
Quanto às exigências de Itália e França para que se aproveite toda a flexibilidade do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) que fixa os limites do déficit e de dívida, os chefes de Estado e de Governo da UE decidiram não relaxar as regras.
“Era importante para nós não questionar o trabalho dos últimos anos e, portanto, dizemos claramente que o PEC atual continua sendo válido e contém flexibilidades suficientes para enfrentar a questão da estabilidade (das finanças públicas) e do crescimento ao mesmo tempo”, acrescentou Merkel.
Neste sentido, a UE também assinala que as reformas estruturais “são um requisito necessário para que possa haver crescimento”.
O texto fica mais diluído ao mencionar apenas que será feito “o melhor uso” da flexibilidade já existente no PEC.
A CE decidirá em cada caso como aplicar as regras de disciplina fiscal, como veio fazendo, disse Merkel.
“Podemos dizer que as flexibilidades que já existem são suficientes”, destacou Merkel.
A chanceler negou que tenham oferecido a Suécia e Holanda algo em troca de finalmente apoiarem Juncker: “Eles tomam suas próprias decisões”. EFE
cae/ma
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