Metalúrgicos da GM entram em greve contra demissões

  • Por Agencia Brasil
  • 10/08/2015 10h41
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP - 10.08.2015: MONTADORA-TRABALHO - Funcionários da GM realizam assembleia unificada e votam a favor da greve por tempo indeterminado devido às demissões impostas pela montadora na unidade São José dos Campos (97 km da capital paulista), na manhã desta segunda-feira. Ao menos 200 trabalhadores receberam um telegrama de demissão. (Foto: Nilton Cardin/Folhapress) Nilton Cardin/Folhapress Funcionários da GM realizam assembleia unificada e votam a favor da greve por tempo indeterminado na unidade de São José dos Campos

Os metalúrgicos da fábrica da General Motors (GM), em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, iniciaram nesta segunda-feira (10) greve por tempo indeterminado. A decisão foi tomada em assembleia, no começo da manhã e tem o objetivo de pressionar a montadora para abrir negociações e rever as demissões anunciadas, no último sábado (8).

De acordo o sindicato da categoria, compareceram à assembleia mais de 4 mil trabalhadores dos 5,2 mil que atuam na unidade onde são produzidos os modelos S10 e Trailblazer, além de motores, transmissão e kits para exportação (CKD). O número exato de demitidos ainda não foi informado pela GM, mas pelo menos 250 metalúrgicos teriam sido informados por telegrama do seu desligamento da empresa.

Para esta segunda (10) estava previsto o retorno de 798 empregados que estavam afastado pelo sistema lay-off (suspensão temporária dos contratos do trabalho) desde o último dia 9 de março. Estes metalúrgicos não estão entre os demitidos porque têm estabilidade garantida por mais três meses.

“Fomos surpreendidos na véspera do Dia dos Pais com essa ação unilateral da GM e queremos que esse processo seja revertido porque a montadora ainda tem muita gordura para queimar”, justificou Renato de Almeida, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.

Ele informou que pretende pedir uma reunião com a diretoria da GM para discutir uma solução para crise no emprego. Segundo o sindicalista de janeiro até agora, as montadoras instaladas no Brasil já cortaram mais de 8 mil postos de trabalho. “Não podemos aceitar que os trabalhadores sejam penalizados e que paguem o preço dessa crise política e econômica”, defendeu.

O líder sindical disse que além dos piquetes para convencer os metalúrgicos dos demais turnos a cruzarem os braços, a categoria poderá fazer também passeatas.

Por meio de nota, a GM afirmou que a greve na unidade da empresa em São José dos Campos, “só contribui para agravar a séria crise que afeta hoje a GM e a indústria automotiva”. A empresa justificou que tem procurado evitar as demissões recorrendo a férias coletivas, layoffs e programas de desligamento voluntário. “No entanto, essas medidas não foram suficientes diante da expressiva redução da demanda no mercado brasileiro, que registra queda em torno de 30% desde janeiro do ano passado”, aponta o comunicado.

Ainda segundo a nota, os desligamentos visam adequar o quadro da empresa à atual realidade do mercado, com o propósito de resgatar a competitividade e viabilidade do negócio. A montadora lamentou a decisão do sindicato de convocar a greve e argumentou que se mantém disponível para dialogar e encontrar alternativas para manter a unidade competitiva em um contexto de grande transformação no mercado brasileiro.

Marli Moreira – Repórter da Agência Brasil

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