Ministro de pós-conflito considera retirada de minas um “desafio descomunal”

  • Por Agencia EFE
  • 07/03/2015 22h30

Cartagena (Colômbia), 7 mar (EFE).- A Colômbia tem um desafio “descomunal” em matéria de retirada de minas, mas o acordo alcançado neste sábado com as Farc para descontaminar territórios em que há presença de minas antipessoais e outros explosivos é um passo “concreto” nesse sentido, disse hoje o ministro do pós-conflito, Óscar Naranjo.

“Nós colombianos devemos reconhecer que temos aí uma tarefa, um desafio descomunal, que é um desafio que não admite demora”, afirmou Naranjo após participar do “Diálogo de Cartagena”, reunião organizada pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), para analisar as relações transpacíficas.

A Colômbia é, junto com o Afeganistão, o país mais afetado pelas minas antipessoais, que desde 1990 fizeram mais de 11 mil vítimas, entre mortos e feridos no país, de acordo com dados do governo.

Segundo Naranjo, general reformado da polícia, e membro da equipe negociadora de paz do governo, o acordo sobre a retirada de minas é “um avanço” como medida de redução da intensidade do conflito armado colombiano.

Acrescentou que também mostra que a negociação “começa a produzir efeitos concretos para proteger a comunidades que hoje estão confinadas, isoladas ou sofrem o drama de ver suas crianças, seus jovens mutilados por minas antipessoais”.

A medida foi anunciada hoje em Havana, sede dos diálogos, em entrevista coletiva com a presença de representantes dos países fiadores do processo de paz, Cuba e Noruega, junto com as equipes negociadoras do governo colombiano e das Farc.

O acordo prevê que, com base na informação dada por guerrilheiros das Farc, o Batalhão de Desminado do Exército Nacional da Colômbia (BIDES) limpe as zonas sob a coordenação de uma ONG especializada nessas tarefas, a Ajuda Popular Noruega (APN).

Naranjo acrescentou que começar esta tarefa obviamente, independentemente do plano mais amplo de desmine que o governo está preparando para o pós-conflito, “é uma voz de encorajamento e uma mensagem indiscutível do avanço na mesa”.

“Aqui realmente há um avanço formidável em relação à criação de confiança. As medidas de desescalonamento na negociação buscam isso, atenuar a guerra, mas ao mesmo tempo criar confiança”, acrescentou.

Naranjo definiu como “muito doloroso o drama colombiano”. Em 688 municípios, que equivalem a 62,5% dos 1.101 do país, “foi identificada a instalação de minas antipessoais”.

O acordo anunciado hoje “não pretende abranger esse universo, mas é uma espécie de plano piloto para produzir impactos no menor tempo possível para que gere confiança”.

O ministro não quis dar valores do custo de retirar as minas que há na Colômbia, mas aventurou que será um trabalho de milhões de dólares que demorará “pelos menos dois décadas”. EFE

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